Amor pra quem?

por Leandro Melo

Então chegou a hora. Ambos passaram muito tempo com medo de dizer o que realmente sentiam um ao outro e, nas vezes que tentaram, houve sofrimento e dor. Agora acabou! Seguirá cada um a sua vida, tentando fazer o melhor por si próprio, sem mágoas ou arrependimentos. O que passou, passou. O tempo juntos servirá de experiência, para, na melhor das hipóteses, errar menos, na tentativa de tornar uma nova relação a mais duradoura possível.

Essa pode ser a breve narrativa do fim de um namoro, mas também pode ser a visão sobre uma demissão, o fim de uma sociedade ou qualquer rompimento no Mundo do Trabalho.

Fazemos muita confusão sobre essas noções e talvez seja até um tipo de autodefesa atribuir sentimentos tão profundos quanto amor e carinho a uma relação estritamente mercantil. Uma forma de tornar aceitável a grande quantidade de tempo e energia dedicada a um Trabalho realizado com interesses tão difusos quanto sobrevivência e autorrealização. Dizendo de outra forma, na relação entre empresa e empregado, há uma troca de interesses e forças meramente de produção. No relacionamento entre duas pessoas, há troca de emoções, carinho e desejos, inclusive, de gerar filhos, por exemplo. É importante relembrar que as pessoas se vão e as instituições ficam e que as organizações não são famílias. E também é razoável manter a clareza de que é preciso muita dedicação e até coragem para se sair bem no Mundo do Trabalho, sem que isso se sobreponha a uma vida calorosa e virtuosa.

Não raro se houve de quem deixa o Emprego que essa é uma oportunidade boa, pois dedicará mais tempo à família, ou ainda, que vai reservar um espaço para cuidar melhor de si. Bem, alguma coisa está muito errada aí. Essas deveriam ser as prioridades! Na prática, ainda estamos longe de um Mundo do Trabalho mais produtivo e menos exigente, mais humano e menos autômato. Então que o tempo no mundo real, na vida real, seja de melhor qualidade. Se não pode se ter mais tempo, que se tenha mais valor atribuído às poucas horas que dispomos para a família, os amigos, o estudo, a saúde e o ócio.

 

Mas quantas vezes a mobilidade dos smartphones nos levam a duplicar a jornada de Trabalho e interromper a conversa com os filhos ou entre os casais?

Além disso, todos os dias, o cinema, as novelas e a propaganda, ensinam que problemas na vida pessoal são sinônimos de sucesso profissional. E ainda nos fazem acreditar que tudo o que precisamos é um Emprego e um punhado de contas para serem pagas. São esses os nossos símbolos de liberdade e felicidade? É o que queremos?

Sim, algo está muito errado, mas pode ser melhorado. Atribui-se a Seneca, filósofo da Roma Antiga, a frase: “trabalha como se vivesses para sempre. Ama como se fosses morrer hoje”. Então, que se viva da melhor forma possível, especialmente, no Mundo do Trabalho.

 

Gente do Mundo do Trabalho – Paula, que amava demais.

O novo titular do departamento de Compras chegou há pouco mais de duas semanas e já ganhou fama de conquistador. Na última quinta-feira, mais um bilhetinho, feito com a folha branca e quente da copiadora, colocava fim a sonhos românticos e lascivos. Dessa vez, foi a supervisora de RH. Piegas, gentil e eficiente. Quem ainda não tinha cruzado seu caminho era Paula, encarregada da equipe de produção com mais de 60 funcionários. Mulher ainda de pouca idade e uma estrela em ascensão na carreira, era bem-quista por todos os funcionários e inspirava quem dela se aproximasse. Numa tarde de terça-feira, no estacionamento, sem querer, os dois se olharam e se apaixonaram. No aniversário do encontro, ela escreveu para ele um bilhete que dizia: “eu porque amo demais, com você que deseja muito amar”. E, naquela tarde, a copiadora ficou sem funcionar, pois a bandeja de alimentação não foi fechada corretamente.

 

 

 

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