Ana D´Avila | Atordoada na Selva de Pedra

Estela chegou à Capital vinda do interior. O que viu? Aquela confusão de muitos ônibus circulando. Aquele cheiro forte de asfalto. De gasolina e óleo diesel. E o descontrole das pessoas atravessando avenidas. Na calmaria e no cheiro do mato de onde vinha, sua mente sossegava. Já, na cidade grande, muito delírio e mal-estar. No apartamento de andar superior onde moraria se avistavam árvores. Pássaros desesperados voavam de uma árvore à outra. Eles também comungavam daquela agitação urbana. Que interferia até na vida de cães e pássaros. Começava sua semana na cidade-selva.

O som que vinha da avenida era ensurdecedor. Às vezes, paralelo à ela, surgia uma ambulância ou um carro de bombeiros rumando para algum acidente grave. Tudo era passível de preocupação. Carros de reportagens das televisões locais iam e vinham atrás do relato das notícias da cidade. Que eram muitas. Desde assaltos até palestras informativas em universidades e entidades empresariais e culturais. Também as Delegacias de Polícia se apinhavam de jornalistas. A síntese era: movimentação, gente, confusão e poluição. Já passava do meio-dia. E a agitação era ininterrupta. Nada parava.

Agora, muita gente rumava às lancherias e restaurantes para almoçar. Almoço rápido. Alguns desses almoços não eram nada saudáveis. Filas, bandejas, pratinhos. Muito plástico também. Tinha comida vendida à quilo, tinha botecos e tinha ainda restaurantes sofisticados. Mas as pessoas que os utilizavam tinham sempre, muita pressa. Nâo existia tranquilidade nem para comer. Depois cafezinhos. E, mais cafezinhos. Que em grandes doses, contribuíam para mais excitação.

Mulheres ociosas aproveitavam o começo da tarde para idas aos Shoppings. Que eram visíveis em qualquer direção. Zona norte, zona sul e zona leste. Neles um mundo consumista. E salões de estética em toda parte: sobrancelhas de henna, peeling facial e roupas de inverno. Para quê tanta pressa? Para quê tanta preocupação com a estética? Envelhecer pode ser uma dádiva. Não um tormento. É necessário ficar bonita por dentro. De quê vale um rosto esticado, sem nenhuma ruga se a bondade não morar no coração? Se não acreditar em Deus, no bem, na verdade e muito na fraternidade.

Estela revia seus conceitos. Revia suas moradas. Com certeza achou que a cidade-capital tinha semelhança à uma selva. De pedras, intensamente. De desumanidades. De violências. No final do dia, quando o último raio de sol desapareceu no horizonte ela teve um ataque de choro. E, lamentou a insanidade humana. Que se escondia em cada rosto, em cada passo apressado  dos habitantes da metrópole.(Ana D´Avila)

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