Aquelas ruas cheirando a mar iam pouco a pouco desaparecendo entre seus passos apressados.Estava como quê embriagada de maresia. Seus olhos molhados e seus lábios de beijos saudades tremiam na escuridão da praia.
De que adiantava morar num lugar paradisíaco se não tinha paz para quase nada. Os dias eram nebulosos. As vezes tremendamente felizes. Em outros cheios de indagações sem respostas. Valeria viver assim. Para que viver .Para que amar. E ela amava muito.
Passava da meia-noite. Todos dormiam. Uns anestesiados pelo álcool ou por remédios de muita intensidade. Uma hora da manhã. A caminhada seguia agora, lenta. Ao longe um carro da polícia fazendo a ronda. Num prédio alto, luzes e vozes.E ela incansável procurando algo do qual não tinha a menor ideia do que seria.
A noite varava depois de uma chuva fina que molhou toda a cidade. Ela ainda lamentava a morte do marido ocorrida a uns dois anos passados. Porque as vezes pensava na educação e na cultura dele. Cheio de respostas.Cheio de indagações absurdas.
Mas agora ela se espelhava na noite e no mar. Esperando dias melhores. Onde finalmente a paz e o amor fossem encontrados. Como num passe de mágica ela encontrou. Tornou-se plena. Sem lamentos. Sem controle e, principalmente sem cobranças. Inúteis e ferinas. Passou a amar mais. A querer mais. Casando novamente, como convém a uma Deusa. (Ana D´Avila)