As 7 histórias do veto que simboliza um ano inteiro

No último dia útil do governo Valdir Bonatto, o anúncio do veto de que todo mundo quer ser o pai. Confira, em numeradas, o vem dos bastidores de uma semana que tinha tudo para ser só de despedidas emocionadas, mas teve muito de crise também

 

1. A aprovação

Para contar a história desta sexta, é preciso começar do começo: na terça-feira, quando o projeto 145/2016 foi aprovado, teve gente que comemorou.

Uns sem medo; outros, mais discretamente.

Nenhum deles imaginava o tamanho da crise que os 15 votos dados à aprovação do aumento do salário dos novos prefeito, vice e secretários geraria em Viamão.

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Votaram a favor do projeto: Plínio Tiquino, do PSDB; Leandro Aguirre, do PTB; Guguzinho Streit, do PTB; Jorge Batista, do PTB; Dédo Machado, do PDT; Dilamar de Jesus, do PSB; Rui Martins, do PSB; Maninho Fauri, do PSD; Russinho Elias, do PMDB; Carlos Bennech, do PMDB; Joãozinho da Saúde, do PMDB; Chico Gutierres, do PTB; Nadim Harfouche, do PP;

Contrários: Serginho Kumpfer e Eliseu Chaves, o Ridi, do PT; Zé Lima, do Solidariedade; Augusto Giraudo, do PSol.

Não estavam: Eda Giendruckzak, do PDT; Ronaldo Ribeiro, do PSDB e Armando Azambuja, do PT.

 

2. A repercussão

No dia seguinte, a cidade ficou sabendo.

O Diário publicou a matéria na noite de terça – e foi a mais lida da semana, com quase 8 mil visualizações. Na quarta, Daniel Scola, da Rádio Gaúcha, comentou a reportagem no ar. Guaíba, RBS e Record vieram atrás.

Guto Lopes, vereador eleito do PSol, aproveitou a onda.

Contrário à medida, deu entrevistas ameaçou ir à Justiça contra o aumento, mobilizou redes sociais.

Ficha 1 para ser o primeiro pai do veto.

 

3. A saída estratégica

Valdir Bonatto, o homem da caneta até este sábado, estava numa situação em que certamente não gostaria de estar: julgar o salário do sucessor e a atitude de sua base.

Se sanciona, termina o governo com o povo de nariz torcido.

Se veta, desautoriza a base.

Surgiram hipóteses, como o veto parcial – mas Bonatto, desde sempre, é um cara posicionado. Não foge da opinião.

As mesmas rádios e emissoras de TV que tinham vindo à cidade emprestar o porrete que desceu o pau no aumento ouviram da boca de Bonatto a sua saída estratégica para ganhar tempo: ele pediria um estudo de impacto financeiro para decidir se sancionava ou vetava o projeto.

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Sem a pressão do momento, teria a chance de fazer o que faz muito bem: dizer o pensa sobre o próprio governo.

Em dois dias, anunciou o esperado: vetaria o projeto integralmente.

E o fim do aumento tinha um novo pai.

 

4. A nova repercussão

A decisão de Bonatto repercutiu imediatamente nas redes sociais.

Em vídeo, o prefeito anunciou ao vivo no facebook as razões de sua decisão.

– Não é o momento – disse.

– Respeito a decisão da Câmara, mas vou vetar o projeto.

Na Câmara, um novo movimento foi tomando conta dos corredores aos poucos e, depois, de forma mais intensa.

– O governo nos traiu – era o que o sentimento de alguns dizia.

Com o veto do prefeito, o desgaste político ficou todo com a Câmara. E como criança feia não tem pai, todos fugiram da pergunta que se impõe: e agora, a Câmara mantém ou derruba o veto?

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5. A política confabula

O PSB não perdeu tempo: chamou para quarta-feira que vem uma reunião do seu diretório para rever a posição adotada durante a aprovação do projeto do aumento na terça.

– Pela nossa rede no what's, estamos consultados todos e, diante da revisão da posição do governo, devemos ser favoráveis ao veto – conta Geraldinho Filho, o capo dos socialistas em Viamão.

O PSDB deve fazer o mesmo. Advinha quem é o presidente tucano? Valdir Bonatto.

Além disso, com cinco vereadores eleitos – três deles em primeiro mandato -, o partido não se sente responsável pelas medidas que eventualmente esta legislatura tenha tomado.

Até o PSol elogiou a medida de Bonatto. Guto Lopes, disse que a pressão popular levou o prefeito à decisão.

E o veto volta a ter muitos pais.

 

6. Caso não se encerra aqui

Com o encerramento da legislatura em 31 de dezembro, o veto do governo ao projeto 145/2016 só será votado em meados de janeiro, quando o novo governo deve chamar a Câmara para votar projetos como a reforma administrativa e, quem sabe, um novo plano de carreira para o funcionalismo.

O veto tranca a pauta – e deverá ser o primeiro assunto a ser abordado pela nova legislatura.

A primeira polêmica.

O primeiro teste.

 

7. O veto que vale por um ano inteiro

O impacto político do veto vale muito mais do que a economia que ele representa.

Como terminaria um governo que, em seu último ato, engorda o salário do sucessor?

Os que gostam e até os que não gostam de Bonatto sabem que ele deixa um legado à cidade. E só os que o conhecem bem sabiam que não iria impor uma mancha desse tamanho à figura que ele próprio representa.

 

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