Ataques, promessas, Deus e patriotismo: Os melhores lances do debate para a Prefeitura de Viamão que você não viu

Você sabia que teve debate entre os candidatos a prefeito? Sim, teve! Foi ontem (5), num esforço elogiável dos colegas da Metropolitana Web, com retransmissão de rádios de diferentes regiões da cidade. O trabalho jornalístico é fantástico em uma cobertura eleitoral, e, também por isso, merece a atenção da população.  

É apenas o começo, estamos na segunda semana de campanha, mas é bom o eleitor se alertar: o período de propaganda e debate de ideias é mais curto nesse ano. Por isso, é bom que a população comece a prestar atenção no processo eleitoral, acompanhando os candidatos e as coberturas da Imprensa local.

Por isso, é inadmissível que aproximadamente 5% da população da cidade, com base nos números de audiência divulgados hoje, tenha visto ou ouvido o debate da segunda-feira. Se levarmos em conta que pelo menos 50% dos espectadores é cabo eleitoral ou candidato a vereador que está lá para bajular e postar mensagens e propaganda, o interesse pela escolha do próximo gestor da cidade é praticamente traço de audiência (jargão usado no rádio e na TV que quer dizer zero ponto na média de ouvintes e assistência).
No ditado popular, a Imprensa local gera a energia de uma usina, e é como se o resultado de todo o esforço para manter o povo informado equivalesse a apenas uma lâmpada acesa.

Faço aqui mais uma tentativa, por dever de ofício, relevância do tema e apoio ao trabalho dos colegas: segue um resumo da noite de dabate eleitoral que quase ninguém viu:

 

No primeiro bloco, os candidatos responderam a perguntas preparadas pela imprensa e sorteadas por candidatos.

1 – Nadim (PSL, Republicanos – coligação Viamão tem jeito) começou se explicando sobre ter assumido a cidade de forma interina até dezembro – colocou na conta da Câmara sua ida para a Prefeitura. Soltou um “hoje estou quebrando o galho” no cargo.

Respondeu sobre geração de empregos e disse que “depende dos empresários”.

 

2 – Guto Lopes (PDT, PT, PCdoB, PROS e REDE – coligação Com coragem a gente faz), era o único sem máscara.

Falou sobre criação de creches (escolas de educação infantil) e educação profissionalizante a partir do Ensino Fundamental. “Queremos tecnologia e formação para o campo, diversificando formação de mão de obra.”

 

3 – Adriano Ricoldi (PSOL) abriu sua participação se apresentando: nome, profissão, estado civil, etc…

O tema sorteado foi Saúde. Iniciou com Unidades Básicas, mas desviou para corrupção, IPVA, emprego e agroecologia.

 

4 – Paulo do Sopão (Avante) largou tentando se descolar de Lulismo e Bolsonarismo. Chega como “candidato que não está no sistema” e que “não faz alianças”.

Para ele, o tema polêmico das terceirizações. Defendeu auditoria nas contratações de empresas para prestação de serviços à Prefeitura. E tentou lacrar: “transformação em Viamão é só na conta bancária de alguns”.

 

5 – O Capitão Martim (PRTB) se posicionou de cara buscando os votos da extrema direita radical – e se apresentou como “enviado de Bolsonaro para mudar Viamão”.

A pergunta sorteada foi sobre Agricultura. O Capitão, que diz ter origem na zona rural antes de morar por 15 anos no Rio de Janeiro, entende que é necessário colocar pessoas com perfil técnico na secretaria. Levantou a bandeira da valorização do funcionalismo.

 

6 – Maninho Fauri (PSD, PSB, MDB e DEM) recuperou sua trajetória política.

Respondeu sobre a Dívida do Instituto de Previdência de Viamão (IPREV). O candidato defende um debate sobre o reparcelamento e auditoria nas contas. “Governos assumem compromisso e não pagam.”

 

7 – Valdir Bonatto (PSDB, PSC, PL, PP, Solidariedade, Patriota, Cidadania e PTB – coligação Um novo tempo para Viamão) fez o discurso da reorganização. Falou do que fez quando prefeito e por que voltou a concorrer.

 Fechou a primeira parte do encontro falando de gestão. Afirmou que em seu secretariado aproveitará pessoas com perfil técnico. “Reconheço a importância da qualificação dos servidores.”

 

Resumo do bloco:

Surgiram propostas inconstitucionais ou fora da competência da Administração municipal. Três candidatos reivindicaram o posto de candidato da moralização, dois postularam o “voto do pai de família e do povo de Deus” e outros dois tentaram procuração para falar como “homem do Bolsonaro”.

A mecânica do segundo bloco teve candidato perguntando para candidato:

 

1 – Valdir Bonatto perguntou a Guto Lopes sobre Saúde – E ambos deram amostra grátis de como deve ser a temperatura entre os dois durante a campanha.

– Criei a UPA, aumentei o número de consultas – anunciou Bonatto.

– O Hospital Viamão, desde sua gestão, não recebe um Real… e vou acabar com o 0800, a fila virtual que o senhor criou – – rebateu Guto, citando proposta para uma nova UPA.

Na réplica, Bonatto pediu humildade a Guto.
– Para ser candidato, tem que ter a clareza sobre como funciona um posto de Saúde.

Guto mandou na tréplica:

– O senhor é bom de promessa e de inaugurar placas.

 

2 – Adriano Ricoldi questionou Paulo do Sopão sobre gestão:

– Como administrar a cidade sem maioria na Câmara?

– Não vou defender bandeira partidária. Os bons projetos serão atendidos – garantiu Paulo.

– Não compramos vereadores e não nos vendemos. Vamos administra na base da pressão popular – retornou Ricoldi.

– Único aqui que não está agarrado na teta sou eu – fechou Paulo.

 

3 – Maninho Fauri perguntou a Nadim sobre Saúde:

– Pandemia, demanda nos postos e investimentos precisam de atenção – entende Maninho.

– “Mal conseguimos pagar uma UPA – justificou Nadim.

– A demanda por consultas especializadas é outro problema grave – lembrou Maninho.

– Queremos substituir a fila (0800) e criar atendimento em casa – avisou Nadim.

 

4 – No segundo duelo da noite, Guto Lopes e Capitão Martim apresentaram visões sobre a Educação Infantil.

– Queremos construir creches – disse Guto

– Vamos inaugurar as creches municipais atraindo investimentos privados – sugeriu Martim.

– Estamos inspirados pela experiência de Sobral (CE), administrada pelo PDT – emendou Guto, que atacou Martin por viver no Rio de Janeiro e estar distante da realidade de Viamão. “O candidato não conhece Tapir Rocha.”

– O senhor era vereador e não fiscalizou, nada fez – devolveu Martim, que também atacou a coligação com o PT partido do vice de Guto – Adão Pretto.

 

5 – Na sequência, Martim perguntou a Bonatto sobre segurança:

– Falta a criação da secretaria de Segurança Pública – defendeu Martim.

– Queremos avançar em cooperação com a Brigada Militar, e é importante a descentralização do poder federal e estadual sobre a gestão da segurança – disse Bonatto.

– Vamos criar um grupo de gestão integrada. A secretaria de Segurança vai agir na preventiva do crime – completou Martim.

Bonatto fechou a tréplica criticando Guto Lopes de forma velada. “Fazer discurso fácil sobre Saúde e Educação é mero discurso… o povo precisa saber quais as ações concretas”.

 

6 – Nadim perguntou a Ricoldi sobre o IPREV.

– Como pagar a dívida? – quis saber Nadim.

– Primeiro, temos que acabar com a caixa preta dos números. Quero auditoria nas contas e redução de CCs – disse o candidato do PSOL, que atacou o prefeito em exercício por não ter pago a reposição salarial aos servidores, aprovada pela Câmara.

N – Eu sigo a lei – devolveu Nadim.

A – A lei é uma questão de prioridade, se vamos dar à população ou aos empresários – encerrou Ricoldi.

 

7 – O terceiro bloco fechou com Paulo do Sopão perguntando a Maninho Fauri sobre corrupção:

– Causa vergonha a corrupção em Viamão. O senhor tem no seu partido o prefeito afastado (André Pacheco). Como o senhor se sente?

– O prefeito não está mais no partido, se afastou. Venho defender aqui a minha honra, cada um é dono do seu nariz e sabe das suas práticas – explicou Maninho.

– Diga-me com quem andas e eu te direi quem és. Quando se prega moralidade, tem que ter moralidade – disparou Paulo.

– Dirigentes do seu partido me procuraram para estar na minha coligação – revelou o candidato do PSD.

 

Resumo do Bloco:

Bonatto e Guto estabeleceram armas; Guto mediu forças com Martin; Paulo e Adriano nas extremas, citando padrinhos políticos de fora do RS.

 

No terceiro bloco, os candidatos responderam perguntas enviadas por ouvintes, conforme sorteio:

1 – A Guto Lopes caiu lazer, cultura e esporte;

2 – Adriano Ricoldi respondeu sobre a situação das estradas da zona rural;

3 – Capitão Martim sorteou questão sobre plano de carreira do funcionalismo;

4 – Maninho Fauri abordou o Transporte Coletivo;

5 – Valdir Bonatto falou sobre Assistência Social;

6 – Paulo do Sopão contou ideias para geração de empregos;

7 – Nadim Harfouche fechou a rodada com a Saúde.

 

Resumo do Bloco:
Ideias plausíveis e outras nem tanto foram apresentadas. O bloco mais morno que as considerações finais.  

 

O quarto bloco fechou o encontro com as considerações finais de cada um:

 

1 – Valdir Bonatto voltou a citar a UPA construída em sua administração. Criticou o uso de fake News contra sua candidatura.

 

2 – Maninho Fauri afirmou que a cidade passa por crise e disse que é preciso humanizar a gestão para atender as necessidades da população.

 

3 – Capitão Martim repetiu o discurso usado em 2017 pela extrema direita, dirigindo-se aos “cansados dos mesmos”, aos religiosos, aos nacionalistas e aos conservadores – “povo quer renovação”.

 

4 – Paulo do Sopão voltou a falar que é a renovação e afirmou que a vice-prefeita da chapa “não vai parar debaixo da escada”.

 

5 – Guto Lopes fechou sua participação discursando sobre saúde humanizada e escola de tempo integral.

 

6 – Adriano Ricoldi – usou o espaço para dizer que “é hora da mudança”.

 

7 – Nadim Harfouche deu o ponto final para a resenha apresentando ações enquanto prefeito em exercício: “Demitimos os que não queriam trabalhar.”

 

Resumo da noite:

 

1 – Nadim e Martim tentam ser “o nome” de Bolsonaro em Viamão;

2 – Estrategicamente, Guto, Martim e Bonatto revezaram farpas – elegeram-se mutuamente os adversários desta campanha;

3 – Maninho tentou se descolar de André Pacheco e partidos investigados nas operações Capital e Pegadas;

4 – Paulo do Sopão abriu a caixa de ferramentas e quer ser mais que coadjuvante ou escadinha dos outros candidatos;

5 – Moral, Deus, corrupção e Pátria foram as palavras mais ditas no debate;

6 – As mulheres da campanha – as vices de Adriano Ricoldi, Nadim Harfouche e Paulo do Sopão só foram lembradas nos agradecimentos finais;

7 – Os discursos populistas apareceram nas falas da Direita, Centro, Esquerda e extremos;

8 – Todos os candidatos – do padeiro Ricoldi ao professor Bonatto – tropeçaram na língua portuguesa em determinados momentos. Mera convenção, dirão uns, mas a renovação tão pregada na política pode começar pelo básico;

9 – No discurso, todos têm a solução para os problemas da cidade. Só não fica bem claro como farão;

10 – No mais, parabéns aos colegas da Metropolitana pelo trabalho!

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