Augustão no lugar de Guto: mas é só por uma semana

Augusto Giraudo, ex-vereador pelo PSol, hoje engrossa as filas do PMDB | Foto: Arquivo Diário

De licença paternidade, líder da Oposição se afasta por 5 dias da Câmara — mas quem assume está do outro lado do balcão

 

Guto Lopes e Augusto Giraudo, o vereador titular e o suplente da bancada do PSol, nem se falam. Mas esta semana e pelos próximos cinco dias, eles trocam os papéis: a Oposição perde seu líder e a base do governo ganha mais um.

A relação entre eles andou tão azeda que, depois da eleição, Guto chegou a dizer que nem gripe pegaria para não deixar Augustão assumir. E não pegou mesmo: foi preciso a bênção de Bento para que desafeto voltasse, mesmo provisório, à uma cadeira no plenário Tapir Rocha.

É assim: Guto se afasta em licença de 5 dias para cuidar do filho, Bento, o mais novo Nagel Lopes — colorado de pai e mãe. E para ficar ao lado da esposa Karol, teve de pedir a licença — o que deu os mesmos 5 dias de mandato a Augustão, vereador pelo PSol na legislatura passada, hoje filiado do PMDB.

 

Disputa recente e ruptura

 

Augustão foi assessor de Romer Guex e conselheiro tutelar até que, em 2012, concorreu a vereador na primeira vez que o ex-patrão disputou a prefeitura pelo PSol — com Guto de vice. Romer foi o terceiro, atrás de Valdir Bonatto (PSDB), o vencedor, e Robson Duarte (PT), hoje do PDT, então o cavalo do comissário petista Alex Boscaini.

Augusto Giraudo conta que foi aí que seis problemas começaram.

— Eu estou onde sempre estive. Eles é que mudaram — repetia, desde o ano passado, quando atravessou o ano e a eleição sob a ameaça de um estrondoso processo de expulsão.

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Guto levou a sério a disputa entre Augustão e Romer a ponto de, ele também, romper com único vereador eleito pelo partido na cidade. Em algum momento entre 2013 e 2015, não se entenderam mais.

Antes da campanha do ano passado, cogitavam insistir numa candidatura de Romer para Câmara — o que poderia fazer o partido ampliar a bancada. O risco de eleger Augtustão de novo derrotou o plano no berço.

Na convenção de julho, Romer saiu candidato a prefeito e Guto foi o vereador preferencial do grupo. Tudo para deixar de lago Augustão, naquele momento já só candidato de si mesmo dentro do PSol.

Quando as urnas foram abertas, Guto saiu na frente — e deixou Augustão só com a primeira suplência.

— Se eles tivessem sido inteligentes, teríamos elegido dois.

Chamando a estratégia do PSol de "burra" só que ao contrário, decretou o fim de qualquer recomposição. Já não havia mais clima nem para ficar no partido.

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O início de mandato de Guto em alta rotação deixou para trás os tempos do pacato Augusto Giraudo como homem do PSol. Em menos de 30 dias, eram tão incompatíveis quanto pimenta e os próprios olhos.

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Depois de ensaiar ficar, cogitar uma oposição interna, quem sabe disputar contra Romer a convenção pela presidência do PSol, Augusto optou pelo caminho mais curto: pediu para sair.

— Eles não conseguiriam me expulsar porque eu era da maioria nacional e, lá, nunca me deixariam ser expulso — sempre argumentou.

Uma vez fora do PSol, recebeu um par de alianças para o casamento com o PMDB. E antes mesmo da lua de mel, o convite do prefeito para assumir o Departamento de Habitação na nova Secretaria do Planejamento, no começo do governo comandada por outro estranho no próprio ninho, Dédo Machado. Hoje, a pasta está nas mãos do servidor de carreira Ubirajara Camargo, o mais secretário de todos os governos da cidade.

— To bem ali, fazendo o meu trabalho. Para mim, essas coisas todas com o PSol ficaram para trás — adianta Augustão, sabendo que não convém arrumar um assunto para brigar com Guto logo agora, pai recente.

Mas como um homem público é feito dele mesmo e o seu passado, a posse desta quinta-feira, nem seja só por 5 dias, vai trazer à Câmara um Augustão repleto de todos os elementos desta briga. E não se admire de nada: ele tanto pode ir à tribuna dizer tudo o que pensa sobre o partido que recém deixou como não dizer nada.

A gente sempre pode não dizer nada.

 

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