Se você é daqueles que gosta ou está a fim de praticar o desapego com aquelas peças de roupas ou objetos da casa que você nem usa mais, você vai adorar a história do Demian e da Cristiane. Adeptos a um estilo de vida mais econômico, consciente e sustentável, no ano passado o casal criou a plataforma AtraiA, um site exclusivamente de doações para peças novas e usadas, além de serviços.
— Eu e a minha esposa estamos a quase 20 anos juntos. Nesse período nos mudamos três vezes de estado. Nessas experiências, sempre tendo que deixar parte das coisas em caixas, na casa de parentes, amigos. Muitas delas que ficam lá abandonadas, com o pensamento de quem um dia se volte a usar, coisa que não acontece. É um desperdício, se pensarmos que essas coisas poderiam estar sendo usadas por outras pessoas — conta o administrador de empresa, Demian Kapelius Steren, de 40 anos.
Ele diz ainda que existem situações em que as pessoas precisam atender suas necessidades de consumo e não têm condições financeiras, ou por algum outro motivo, gostariam de poder adquirir sem ter que pagar por isso. Pensando nisso, Demian e Cristiane passaram a pesquisar sobre o assunto em outros países e notaram que a cultura do desapego é bem difundida.
— Temos como exemplo países europeus e Israel, que inclusive, as pessoas deixam objetos para doação nas ruas das cidades, o que ajuda muita gente. Inicialmente pretendíamos ter dois enfoques: Compartilhar produtos novos doados por empresas, por alguma campanha ou lançamento, e ao mesmo tempo espaço para doação de coisas usadas. Durante esse período, em meio a pesquisas de mercado, soubemos do projeto de zona sustentável, no qual Porto Alegre fazia parte e, as inúmeras startups que faziam parte. Vimos um cenário cheio de pessoas engajadas, com ideias e oportunidades das mais diversas. E foi o que nos fez focar de início no compartilhamento de objetos e serviços gratuitos, doados por qualquer pessoa.
Os mais doados
O casal conta que os produtos mais doados são livros, roupas, calçados, móveis e eletrodomésticos. Porém, frequentemente acontecem casos inusitados.
— Estes dias um desempregado que ganhou um terreno pediu a doação de um container, porque não tinha dinheiro pra construir sua casa e queria sair do aluguel. Rola, às vezes, doação de animais, que é um tema mais delicado, mas ao menos, as pessoas envolvidas têm bastante experiência com isso e tomam todos os cuidados.
Desde o seu início, a plataforma já ultrapassou as 1000 doações.
— Fora as doações que recebemos em nosso escritório ( por pessoas próximas ou que não estão muito habituadas à tecnologia), e muitas acabamos doando-as nos eventos culturais que participamos. Então, esse número é bem maior.
Planos de expansão
A meta do casal é expandir o AtraiA para todo o país. Por enquanto, eles estão investindo na divulgação local.
— Desde o começo a idéia era já ter disponibilizado a plataforma para todo o Brasil. Mas por estarmos em Porto Alegre e ainda não termos parceiros fora do Estado, achamos melhor concentrar o começo do trabalho só no Rio Grande do Sul. Além do trabalho de divulgação pelas redes sociais, começamos a participar de eventos culturais na capital e, assim, difundindo o compartilhamento de objetos e buscando engajar pessoas para participarem.
Para que o projeto de expansão de certo é preciso que a plataforma passe a se manter financeiramente. Para isso, a ideia é buscar parceiros e anunciantes.
— Como para o público que usa a plataforma não custa nada, nossa receita se dará pelos anúncios de publicidade e exposição de marcas na plataforma. Buscamos parcerias para viabilizar isso, e inclusive, pretendemos fazer uma exploração comercial nos eventos próprios que iremos promover. Sejam culturais ou lúdicos, como visitas a escolas, estimulando jovens a trocas ou doações com seus colegas — finaliza.