Coluna do Gustavo | O seu processo de coaching

Outro dia, ouvi alguns colegas conversando sobre coaches. Falaram que são pessoas perdidas na vida, cuja profissão seria encontrar alguém mais perdido ainda e tentar ajudá-lo dizendo apenas o óbvio. Ao contrário deles, sempre julguei estes profissionais como muito capacitados e com objetivo de auxiliar no desenvolvimento pessoal e profissional. Apesar de termos discordado da definição, depois de um tempo pensei mais sobre o assunto e adorei a deles. Não a considerando negativa como queriam, imaginei indivíduos nos mais diversos estágios da vida, achando pessoas com alguma dificuldade e as ajudando. Isso seria ótimo.

Assim, uma das mais eficazes formas de evolução da humanidade ocorreria: conhecimento seria compartilhado. E a melhor parte é que seria apenas o óbvio. Pensando nisso, lembrei de alguns personagens de livros – frequentes em listas de mais vendidos – que são tão óbvios, sem nenhuma profundidade, e com o único objetivo de dar andamento à trama, que não passam de caricaturas. Na verdade, são essenciais para o desenvolvimento do enredo e para deixar clara a mensagem da obra. Isso acontece porque, afinal, o óbvio precisa ser dito. E se existe algum assunto sobre o qual muita gente precisa e gostaria de ouvir o óbvio, esse assunto é o crescimento como profissional e como pessoa.

Apesar de podermos ter carreiras promissoras, onde cumprimos a função e obtemos retorno financeiro, o que para muitos é um sonho de vida, o problema existe quando o interesse não se limita à realização no trabalho, mas abrange também a própria. Queremos ser realizados pessoalmente. E, as vezes, onde estamos, o que menos sentimos é ser uma pessoa realizada. Esta é a hora de aceitar a dúvida. Neste momento, talvez, ainda não saibamos o que queremos, mas tão somente que não queremos continuar onde estamos. Sentir-se preso na zona de conforto de onde gostaríamos mas não conseguimos sair, pode trazer como consequência momentos sombrios em relação à saúde e bem-estar.

Pode nos faltar autoconhecimento para perceber que estamos vivendo em uma zona de incrível desconforto, na qual, sem saber qual caminho seguir, ficamos estagnados. Aliás, autoconhecimento deveria ser matéria obrigatória nas escolas, porque quem não sabe o que gosta, trabalha onde consegue, assiste o que está passando e consome o que está mais fácil de ser consumido, ou seja, somente faz o que está disponível e à mão. Quem não olha para si, encaminha a vida sem qualquer controle dos seus passos, sem saber que essa é a receita perfeita para a insatisfação. Querendo mudar de situação, podemos nos dedicar a processos como os de coaching, mas não como uma saída, e sim uma entrada de algo bom na vida, permitindo uma melhor compreensão dos nossos interesses e nos auxiliando a escolher melhor onde colocar nosso esforço.

Trabalhar a identificação de objetivos e de pontos fortes e fracos da nossa personalidade nos possibilita aprender lições difíceis como não termos controle de tudo e não precisarmos nos preocupar se as coisas vão dar errado, porque é certo que vão. Problemas acontecem sempre, com todo mundo e são fatores inevitáveis, apenas nos restando estar preparados e dispostos a resolvê-los. Não os considerando injustiças ou intervenções divinas, muito menos que sejam simplesmente o destino, teremos bem claro que o medo de encarar algum problema é uma barreira ao crescimento e realização. Assim, saberemos que qualquer medida diferente de permanecer calmo e buscar uma solução – quando possível – é perda de tempo.

O coaching pode abordar a ideia de tornar mais positivo o pensamento sobre autoafirmação, porque o receio de eventuais julgamentos também tranca o desenvolvimento. Como muitas pessoas demoram para perceber que não há espaço para sentirmos vergonha de ser quem somos, um bom coach pode nos fazer perceber que a necessidade de atingir determinado nível de qualidade quase inalcançável não passa de uma ferramenta utilizada para evitar a exposição. Vergonhoso é não aceitar que não sabemos de tudo e que controle absoluto não existe. Ao invés de nos envergonharmos de ser nós mesmos, deveríamos sentir vergonha de não buscar ajuda para descobrir os meios de alcançar nossos objetivos. Afinal, sem orientação, seria muito mais difícil encontrar nossas fraquezas e aprender a superar as barreiras impostas por nós mesmos. Óbvio.

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