Diário de Bordo (7) – A Argentina que ficou na memória: do fim do mundo aos novos rumos

Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação

O fim do mundo foi realmente encantador. Ushuaia é um lugar mágico em toda a sua essência. Paisagens deslumbrantes, montanhas cobertas de neve, trilhas que pareciam levar até o horizonte. O frio intenso não afastava a beleza, pelo contrário, fazia tudo parecer ainda mais especial.

Entre caminhadas no Parque Nacional Tierra del Fuego, momentos silenciosos olhando o Canal de Beagle e as andanças pelas ruas cheias de história, vivemos dias de um sentimento profundo de dever cumprido. Tínhamos chegado ao nosso primeiro grande marco. Foi mágico demais viver Ushuaia.

Quando chegou a hora de partir, colocamos o Wilson novamente na estrada e começamos a subir pelo lado oeste do País, pela famosa Ruta 40. Essa estrada foi, talvez, uma das maiores surpresas da nossa jornada. A cada quilômetro, a paisagem mudava completamente, como se estivéssemos viajando por vários países em poucos dias.

Passamos por El Calafate, onde o Glaciar Perito Moreno nos deixou sem palavras. Foi impressionante ver aquela imensidão de gelo azul diante dos nossos olhos. Seguimos para El Chaltén, com a imponência do Fitz Roy se mostrando ao fundo e a cidade pequena, quase silenciosa, que parecia feita para os apaixonados por trilhas.

Em cada parada, uma descoberta, uma memória nova.

Mais ao Norte, Bariloche nos recebeu com o contraste do lago Nahuel Huapi e as montanhas que o cercam. A cidade tinha cheiro de chocolate, ruas charmosas e aquele clima de lugar que poderia ser chamado de casa. Na Ruta dos Sete Lagos, a natureza se apresentava em todo o seu esplendor.

Lagos cristalinos, bosques densos e a sensação de estar dentro de um cartão-postal.

El Bolsón nos conquistou de imediato com sua atmosfera leve e alternativa. Foi ali que percebemos como a Argentina tem mil rostos diferentes e, todos eles, de alguma forma, nos tocavam.

Quando cruzamos Mendoza, entendemos por quê tanta gente fala da energia única do lugar. As vinícolas que se espalham pelos arredores, as montanhas ao fundo e a vida acontecendo devagar nos convidaram a ficar mais tempo. Foi ali que vivemos algumas das memórias mais doces da subida.

No caminho para o Norte, a paisagem mudou de novo. Árida, vermelha e carregada de história.

Pegamos a Ruta 68, que serpenteia pelos Vales Calchaquíes e leva a Cafayate, com seus vinhos e seu céu absurdamente estrelado. E depois Salta, que parecia saída de outro tempo. As igrejas antigas, as feiras coloridas, as praças cheias de vida. A Argentina nos ofereceu tudo: frio, calor, montanhas, desertos, lagos e histórias.

Depois de seis meses vivendo essa travessia intensa, decidimos retornar ao Brasil para buscar o Byron e o Obama, nossos cães, que tinham ficado com a família durante o início da viagem. Foi um reencontro emocionante e cheio de sentido. Com eles a bordo, a estrada parecia completa.

Voltamos à Argentina com ainda mais vontade de aproveitar cada canto e, dessa vez, acompanhados pelo pai e pela madrasta do Douglas, que vieram viver uma parte dessa jornada conosco. Foram dias felizes, cheios de visitas queridas e momentos especiais.

Inclusive, fomos duas vezes para o Ushuaia, porque alguns lugares a gente simplesmente não consegue visitar uma só vez.

A Argentina nos mostrou e ensinou muito. Sobre a cultura do motorhome, sobre o convívio em família e sobre a beleza de curtir o que temos e quem somos, na mais pura realidade da essência. Foi um País que nos transformou e que, sem dúvida, foi um divisor de águas na nossa experiência como viajantes.

Saímos dali mais fortes, mais conscientes e muito mais gratos. Gratos por cada pessoa que cruzou nosso caminho, por cada paisagem que vimos pela janela, por cada desafio que nos ensinou a sermos flexíveis e por cada pequeno instante em que tivemos certeza de que estávamos vivendo exatamente o que deveríamos viver.

Deixamos a Argentina com a certeza de que cada estrada percorrida nos trouxe mais perto de quem somos. E agora, era tempo de seguir adiante.

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