A cadeira de prefeito de Viamão é o centro de um dos mais impressionantes cabos de guerra já criados na Câmara de Vereadores. Por duas vezes neste sábado (25), 11 dos 12 vereadores que votaram a favor de Nadim Harfouche (PSL) e Eraldo Roggia (PTB) na sessão extraordinária da quinta-feira (23) participaram de reuniões para definir posição. Eles vão subir o tom de cobrança para que Dilamar de Jesus (PSB) assuma a Administração do município ou renuncie ao mandato. Enquanto isso, o grupo que apoia o presidente licenciado costura uma saída.
A informação de momento é que Dilamar assumirá como prefeito, desde que seja liberado pelos médicos. Fontes ligadas ao vereador, que não está atendendo ligações, asseguram que há o desejo de acabar o mais breve possível com o impasse. Contudo, a decisão não será anunciada oficialmente antes da liberação do resultado do exame que realizou para detectar a COVID-19. As mesmas fontes alegam que foram feitas tentativas com o hospital em que o socialista foi atendido em Porto Alegre, com as secretarias de Saúde municipal e do Estado para antecipar a divulgação.
Até agora, nada.
Enquanto isso, Xandão Gomes (Republicanos) e Evandro Rodrigues (DEM) estão de sobreaviso. Durante a tarde, estiveram na sede da Câmara. Caso Dilamar não possa assumir, Xandão reununciará, como já comunicou publicamente nesta manhã, e Evandro é prefeito.
Foi solicitado à secretaria legislativa que antecipasse a preparação do termo de posse (também é necessária a anulação dos atos que nomearam Nadim), mas o livro em que tais atas são registradas "desapareceu". Não estaria na Câmara, nem com a secretaria de Administração da Prefeitura.
A coluna tentou falar com o secretário Orlando Gomes Júnior, que não atendeu às ligações.
"Grupo dos 11" dá prazo para Dilamar
Após dois encontros, os 11 vereadores que apoiaram Nadim fecharam questão. Dilamar tem até o fim deste domingo (26) para sentar na cadeira ou será alvo de uma comissão processante.
– Queremos uma definição, seja qual for a opção (do Dilamar). Se até amanhã ele não assumir, na segunda-feira (27) vamos protocolar pedidos de afastamento, não apenas da presidência, mas também do mandato de vereador. E pediremos a responsabilização dele pelas mortes por COVID-19. A cidade está desde a quarta-feira sem prefeito e não vamos esperar mais – disse Guto Lopes (PDT).
As duas reuniões foram realizadas na casa de Rodrigo Pox (PDT). Participaram: Adão Pretto (PT), André Gutierres (PP), Armando Azambuja (PSDB), Dieguinho (PSD), Eraldo Roggia (PTB), Francinei Bonatto (PSDB), Guto Lopes (PDT), Nadim Harfouche (PSL), Maninho Fauri (PSD) e Victor Braga (PTB). Ainda nesta noite, um advogado que representa o grupo ingressou com mandado de segurança solicitando que seja cumprida a decisão judicial que determina que compete a Dilamar tomar posse ou renunciar. André Gutierres, Francinei Bonatto, Maninho Fauri, Rodrigo Pox e Victor Braga são os autores.
A coluna apurou que André Pacheco, prefeito afastado até o dia 10 de agosto em decorrência da Operação Capital, esteve na casa de Pox. O pedetista assegura, no entanto, que Pacheco não teve relação com a reunião.
– Ele mora perto, chegou após a reunião e não teve participação nas decisões. Só esteve aqui porque veio falar com os vereadores do partido dele (Dieguinho e Manino) – garante Pox.
A coluna conseguiu contato com alguns dos vereadores. Adão e Guto informaram que saíram mais cedo e não viram André. Francinei Bonatto confirmou que o prefeito afastado chegava no momento em que ele saía para outra agenda.
– Eu não sei sobre o que conversaram. Quando ele chegou, eu saía para cumprir outra agenda – resumiu.
André Pacheco não fala com a imprensa.