Do que se alimentam os ignorantes e néscios?

“Então, quem estava lá para vaiar o governador? Sabem eles o que é comunismo?”. Recomendamos o artigo do jurista, professor, doutor em direito Lenio Luiz Streck, publicado por GZH


Quem me inspirou a escrever este artigo foi a colunista Rosane de Oliveira. Brilhantemente, ela definiu um episódio ocorrido no Fórum da Liberdade, quando o governador Eduardo Leite foi vaiado e xingado de “comunista”.

Ela pergunta: de que se alimentam essas pessoas que fizeram isso? Onde vivem? Eis o ponto. Rosane toca no ponto. Precisamos falar sobre essa gente.

Jabuti não sobe em árvore. Alguém bota o bicho lá. No fórum citado, não havia analfabetos. E nem gente sem instrução formal.

Então, quem estava lá para vaiar o governador? Sabem eles o que é comunismo? Claro que não. Na própria Zero Hora, meses atrás, alguém escreveu que o socialismo é o oposto do capitalismo (até aí, tudo bem). Só que, provavelmente baseado no seu grupo de WhatsApp, “deitou cátedra” explicando que o socialismo tem duas formas: fascismo e comunismo. Ops. Nota zero. Chumbou nas aulas.

Ora, há limites na desinformação. Onde está a origem? Tempos atrás um certo cidadão sedizente filósofo festejado pela extrema direita inventou um modo de simplificar o mundo: dividiu-o em comunistas e não comunistas. Fácil, não?

Nessa classificação, a Globo virou comunista. O Estadão, comunistaço. Folha de São Paulo? Ultracomuna. A Constituição brasileira? Totalmente vermelha. Imagina: ali está escrito que homens e mulheres são iguais. E que não pode haver discriminações de gênero.

Bom, nesse contexto “cultural”, os formados na UniWhats aproveitaram bem a lição. Por isso, para eles, o governador Eduardo Leite é comunista. E merece ser vaiado.

De que se alimentam essas pessoas? Respondo: dos insumos que vêm das neocavernas. Das redes sociais que substituíram o conhecimento por informações rasas e fake news. Barriga cheia de negacionismo. Basta ver o que dizem sobre vacinas. O professor é o tio do zap.

Numa palavra: precisamos refletir sobre os tempos que vivemos. E ler muito. Livros: o grande remédio contra a ignorância! Sem contraindicações. O único remédio que não tem dose máxima. Só não vale não ler.

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