Jovem de 22 anos acusado de assédio por passageira de ônibus falou com exclusividade ao Diário – e diz que toda denúncia é uma grande farsa
– Eu nunca mostrei nada para ela, nem tinha como fazer uma coisa dessas dentro do ônibus – conta o jovem de 22 anos acusado de ter praticado atos obscenos no coletivo da empresa Viamão que fazia a linha Protásio Silva Só na quarta-feira de cinzas.
O caso ganhou uma grande repercussão nas redes sociais depois que a suposta vítima, Anna Carolina, publicou fotos do homem que ela acusa. Ela também deu uma entrevista ao Diário, ontem.
– Acabou comigo. Nem saio de casa. Tô preso aqui com medo de que aconteça alguma coisa comigo depois que ela expôs minhas fotos no facebook.
Segundo ele, não houve qualquer tentativa de assédio ou ato obsceno dentro do ônibus em que os dois estavam na tarde de quarta.
– Eu estava com o celular na mão sobre a perna e com fones de ouvido. De repente, ela veio para cima de mim me chamando de nojento e eu xinguei ela também. Não ia deixar ela me xingar e ficar quieto. Aí teve um bate-boca, ela me acusou e queria me bater com o chinelo – conta.
O jovem, que tem o nome e a imagem preservadas pelo Diário, resolveu falar para que sua versão da história também chegasse à população.
– O que ela está falando não aconteceu. Perdi meu trabalho e minha vida está toda destruída.
Na delegacia, a humilhação
O jovem conta que assim que a confusão começou, teve bate-boca, troca de xingamentos de parte a parte e até um princípio de empurra-empurra – conforme também relatou Anna Carolina. Foi aí que o cobrador do ônibus e o motorista resolveram levar todos à delegacia mais próxima – a 8ª DP, já em Porto Alegre.
– Eles me algemaram e me trataram como um bandido quando desci do ônibus.
Foi aí que ele ouviu outra pessoa que estava no ônibus se oferecendo para ser testemunha de Anna Carolina. A moça contou que essa mulher havia presenciado outra atitude suspeita do rapaz em outra ocasião, também no ônibus.
– Nunca vi ela antes. Ela se ofereceu ali, na hora – acredita.
Depois de uma chegada tumultuada, ainda algemado, foi identificado e ficou aguardando que a delegada em serviço o ouvisse. Quando ela chegou, um alívio.
– A delegada me perguntou se eu tinha feito aquilo com ela mesmo e eu disse que não, porque não fiz mesmo. Disse que estava indo para o trabalho, que estava atrasado e era hora de eu já estar lá. E aí ela mandou me tirarem as algemas e depois de uma meia hora, me liberaram.
O rapaz conta que foi até o local de trabalho e explicou a situação que passou ao chefe. Acabou dispensado.
– Quando cheguei em casa, vi que ela tinha tirado fotos minhas e colocado no facebook, me acusando, mostrou minha família, minha filha. Tô me sentindo humilhado.
Desde então, não saiu mais de casa.
A vida que precisa seguir, mas não dá
Aos 22 anos e trabalhando em Porto Alegre como copeiro, o jovem conta que está vivendo um inferno e espera que o caso passe logo.
– Sou casado há três anos e tenho uma filha de dois anos. Minha família não merece isso.
Ele afirma que já está se orientando com um advogado e que pretende processar Anna Carolina.
Perguntado sobre outros casos que foram surgindo na internet e que envolveria seu nome, o jovem nega.
– Sou um cara de bem, nunca fiz esse tipo de coisa, nem preciso.
Agora, ele só espera poder seguir a vida – e enterrar uma história que ainda falta muito para ser esclarecida.
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