Advogado que escolheu Viamão para viver toma a dianteira da mobilização da comunidade e agenda com secretário de Segurança do RS para tirar o presídio da rota Condado/Vila Elza
— Se instalarem esse presídio onde estão falando, sepulta Viamão.
As palavras nada sutis são do advogado Luiz Carvalho Beck, morador do Condado de Castella, a pouco mais de um quilômetro da área em que o Estado pretende construir um presídio para 400 detentos. Beck vem mobilizando a comunidade da região, vizinhos, entidades, pessoas até de outros municípios para influenciar a cúpula da segurança pública sobre algo que se transformou em sua missão de vida: não deixar que a cadeia pública seja erguida onde se especula.
— Para onde Viamão vai crescer? Para aquela região ali. Com um presídio, não haverá esse crescimento. Por isso é que eu digo: esse presídio na área em que estão falando é um atestado de óbito para a cidade.
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Reunião com Schirmer
Beck não questiona o irrefutável argumento de que Viamão precisa ser parte da solução para o sistema carcerário porque, hoje, é parte do problema. Cerca de 15% da população do Presídio Central de Porto Alegre é formada por moradores daqui.
Isso equivale a, aproximadamente, 690 do total de 4,6 mil presos.
— Não somos contra o presídio em Viamão. Todos precisam fazer a sua parte. Somos contra que seja ali, naquela área específica — refuta.
O advogado acredita que a região faz parte da área de expansão urbana natural de Viamão.
— Ali vai ter novos condomínios, novos negócios, outros investimentos. Precisamos de emprego e renda, escolas e não de presídios.
Na busca de demover a decisão — ou pelo menos evitar que seja oficializada –, Beck conseguiu agendar reunião com o secretário de Segurança do Estado, Cézar Schirmer. O encontro acontece em 10 de agosto. E Beck não vai só.
— Quero mobilizar as lideranças da cidade que também são contra o presídio ali.
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Área alternativa
Luiz Carvalho Beck quer acesso aos critérios que o governo gaúcho vem adotando para indicar a área que deve receber o presídio.
— Se encontrarmos um lugar com características técnicas iguais, temos uma alternativa — argumenta.
Ele quer saber porque a área da Escola Técnica Agrícola — ETA já foi completamente descartada para o presídio. O local chegou a ser vistoriado por uma equipe da Secretaria de Segurança, mas não vem sendo mencionado por interlocutores do projeto para a cadeia estadual.
— A informação que temos é de que a área total, lá, é de 500 hectares. A área da Fepagro é de 148 hectares. Custa caro cuidar de tudo isso, imagino. A contrapartida poderia ser a recuperação e ampliação da escola Canadá, por exemplo — sugere.
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