No último fim de semana comemoramos o dia das mães. A mais antiga comemoração dos dias das mães de que se houve falar é mitológica. Na Grécia antiga, na entrada da primavera, uma festa homenageava Rhea, conhecida como a Mãe dos Deuses. Sim, inclusive os Deuses gregos tinham mães!
Mas a origem da comemoração que conhecemos é mais recente, do início do século 20, quando uma jovem americana perdeu sua mãe e entrou em um processo de luto profundo. Suas amigas, preocupadas com ela, tiveram a ideia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. A jovem, porém, fez questão que a homenagem se estendesse a todas as mães, vivas ou mortas. Em pouco tempo, a comemoração – e consequentemente o Dia das Mães – se alastrou por todo os Estados Unidos e, com o tempo, por mais de quarenta países.
O que faz ser uma mãe tão especial? O quanto ela é importante para cada um? Simplesmente aprendemos a amá-la? Certamente não. A ligação afetiva entre mãe e filho é algo que está além (ou aquém, já que é anterior) de qualquer possibilidade de consciência ou de aprendizagem. Aprendemos a amar muitas pessoas durante a vida, porém quando se trata de amor materno parece que este sempre existiu em nós. Por quê?
Quando nascemos, nos encontramos em uma situação de total “desamparo”. Um bebê recém-nascido não tem chances de sobrevivência sem que alguém se ocupe dele. O “Outro”, ou seja, o adulto encarregado de cuidar da criança, que geralmente é a mãe, é indispensável não apenas para cuidar do corpo do bebê, mas para sua estruturação como sujeito.
Enquanto cuida do seu bebê, uma mãe não lhe oferece apenas “colo e leite”, ela também lhe oferece palavras: “Olha que bebezinho guloso! Vai crescer forte!”. Ela nomeia o corpo (“que pézinho bonitinho!”, “de quem é essa mãozinha?”), infere sentimentos (“o bebê está feliz que o papai chegou!”). Através do seu olhar, gestos e palavras, a mãe desenha o “mapa” que servirá de apoio para o desenvolvimento do bebê. Podemos dizer que é a partir da organização psíquica desenvolvida no relacionamento com a mãe, que a criança conquistará a capacidade de se relacionar com o resto do mundo.
A mãe antecipará em seu bebê algo que ainda não está lá, mas que poderá vir a estar justamente porque alguém ali o supôs. O menino ainda não é o “jogador de futebol” e a menina ainda não é “a bailarina”. Mas eles só o poderão ser, ou não ser, porque alguém assim projetou (e planejou). Essa relação vai deixando “marcas”, e é a “qualidade” da intenção que existe nestas marcas que importa.
A mãe é o ser que dá a possibilidade de vida. Mas não se trata aqui de vida biológica, se trata de quem somos em essência. Por isso a gestação, embora seja também um momento importante, não dá conta da totalidade do “ser mãe”. Há muitas mães que não gestaram seus filhos. Há mães de todos os tipos: há as mães biológicas, as adotivas, as avós-mães, as tias-mães, as madrinhas-mães, há até os pais-mães.
Mãe de verdade é aquela pessoa que se dedicou, se angustiou, que teve medo de errar, que arriscou. É aquela pessoa que foi apresentando o mundo e possibilitando assim que pudessemos conhecê-lo, que nos amparou, nos encorajou e que nos ofereceu palavras. Ela é única para cada um. Não há duas mães iguais, assim como não há dois filhos iguais.
Somos produto do amor materno ou do amor do cuidador que ocupou este lugar. A maternidade não é um cargo estático que só pode ser ocupada pelo ser que gestou. Na verdade, a maternidade é uma posição afetiva de quem se dispões a cuidar e amar intensamente. De quem se dispõe a amar infinitamente e incondicionalmente. São pessoas que merecem todo nosso amor e respeito!!! Fica aqui minha homenagem.