A urgência é unanimidade entre os coerentes, e os esforços merecem elogios até mesmo por parte dos negacionistas. Contudo, a vacinação de 100% dos profissionais da Educação enfrenta entraves importantes.
Na manhã desta quarta-feira (12), o prefeito Valdir Bonatto anunciou, em live, o desejo de imunizar todos os trabalhadores das escolas da rede municipal de Viamão. A iniciativa contemplaria cerca de 2,2 mil servidores, incluindo os terceirizados. Ou seja, professores, pessoal do administrativo, porteiros, serventes, todo mundo que está pisando nas estruturas de ensino da Educação Infantil e do Fundamental desde o retorno ao sistema presencial seria imunizado.
O chefe do Poder Executivo local afirmou na transmissão via rede social que as secretarias de Saúde e Educação trabalham em conjunto para iniciar a vacinação na próxima segunda-feira (17). Posteriormente, houve até divulgação de um cronograma dividido por atividades desempenhadas, começando por quem atua em sala de aula.
Mas até o momento, tudo é apenas planejamento, possibilidade, desejo. Há vacina sobrando na mesma proporção da incerteza.
O alerta vem de dentro da Prefeitura mesmo. Isso porque não há segurança jurídica. A administração de Viamão aguarda posições de Ministério Público, do governo do Estado e de esferas federais do Judiciário. O temor é de responsabilização penal por desobediência ao cronograma de vacinação imposto pelo Ministério da Saúde.
Fonte na Gestão afirma que Viamão deposita esperança no Ministro Ricardo Lewandowski, do STF. É uma torcida para que ele se manifeste e todas as as barreiras sejam levantadas antes do dia 17.
Bonatto está entre a cruz e a espada. Bancou a reabertura das salas de aula, despindo um santo para vestir outro. Atendeu ao desejo de uma parcela de pais e empresários do ramo – da tia da vendinha na porta do colégio ao dono de escola privada – e descontentou a muitos educadores. Exatamente por compreender isso, é que busca a saída mais sensata – a vacina.
Tudo tem ônus e bônus. Correndo atrás da máquina, a Prefeitura enxergou brecha na imunização das pessoas com comorbidades para contemplar os professores. Mas a abrangência da medida foi curta: neste corte, cerca de 600 têm direito a receber a vacina.
A estratégia atual é mais ampla, mesmo assim não engloba trabalhadores das redes estadual e privada. Ou seja, a pressão sobre o prefeito continuará forte.
Ao fim, concordo que imuninizar é o melhor a fazer. Os professores e as crianças só perdem com essa distância. Em nenhum momento houve recusa em trabalhar – até porque jamais pararam durante a pandemia. Desde o início, mesmo quando anunciaram paralisação – os professores só desejam um pouco de segurança.
Sindicato comemora
O Sindicato dos Municipários de Viamão (SIMVIA) divulgou nota saudando a proposta da Prefeitura. Abaixo, trecho do texto assinado pela presidente Maria Darcila Tinoco.
"Hoje estamos felizes por termos conseguido fazer com que o governo entendesse nossa reivindicação, pois os profissionais da Educação serão vacinados a partir do dia 17. Mas a luta continua. Vamos aguardar nova agenda com o prefeito para discutirmos o restante das reivindicações relevantes aos municipários de Viamão."
Em vídeo
Eis a íntegra da live de Valdir Bonatto sobre a vacinação. A edição de vídeo é do Guilherme Klamt.
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