Erika Goelzer | Lugar de criança é na escola

No dia 28 de abril, comemoramos o dia da educação. Nenhum país pode prosperar se não investir seriamente na educação de seu povo. Infelizmente, desde sempre nossos governantes não se preocupam com essa questão. Governos de direita ou esquerda se pouparam em políticas “tapa buraco” e não em criar realmente soluções e promover mudanças. Há muito se sabe que para realmente promover mudanças os investimentos precisam ser em todas as etapas, mas devem ter foco maior na educação infantil e fundamental e assim ir proporcionando que uma nova geração se forme.

Ontem recebi um vídeo em que o âncora de um programa jornalístico sugeria que os pais levassem as crianças para terem aula em um bar ou restaurante. A ideia era simples: já que as escolas não podem abrir e os bares e restaurantes podem, os professores combinariam pontos de encontro com seus alunos nestes locais. Um protesto claro e bem-humorado às autoridades que insistem em manter as escolas fechadas e todo o resto aberto.

Não pode ser sério um país em que as escolas são as primeiras a fechar e as últimas a abrirem. Não pode ser sério um país em que se pode tomar chope em um bar, mas não se pode aprender em uma escola. Não pode ser sério um país que sabe que milhares de crianças não estão mais protegidas em casa do que estariam na escola e, ainda assim, mantém suas escolas fechadas.

Quanto menor a criança, maiores são os prejuízos por estar isolada em casa. Quanto mais crítica a situação econômica, mais riscos as crianças correm por estarem fora da escola. Mas nada disso parece importar muito pois governo e judiciário ficam “disputando beleza” e pouco se preocupam em planejar uma postura proativa que devolva nossas crianças ao ciclo de desenvolvimento menos prejudicial. No abre/fecha dos decretos, a última preocupação parece ser de fato as crianças.

A evasão escolar está com números inacreditáveis. Quanto mais pobre criança menos possibilidades as famílias tem de acompanhar minimamente as rotinas escolares. Em muitos lares do nosso país falta alimentação, saneamento básico e parece que as autoridades esperam que as crianças desses lares tenham internet e pais disponíveis para ensiná-los em casa. Esquecem que, justamente nessas famílias, a maioria dos adultos ou perderam seus empregos, ou exercem atividades em que o home office não é uma opção.

A criança se desenvolve psiquicamente a partir do olhar de seus cuidadores e do seu ambiente. Quando enxergamos potencialidade em uma criança, facilitamos seu caminho em encontrar seus próprios potenciais. Deixar uma criança longe da escola é uma das formas de desamparo mais graves. Uma criança pode se recuperar até mesmo da fome, mas o sentimento de abandono seguirá com ela acarretando prejuízos psíquicos seríssimos.

Espero realmente que logo possamos ver nossas crianças seguras nas escolas. Lugar de criança é na escola.

 

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