Erika Goelzer: Vamos falar sobre medo? Parte 1

Durante a vida nos deparamos com muitas situações difíceis. Um dos muitos sentimentos que podemos encontrar frente ao desconhecido é o medo. Você já pensou quantas vezes sentiu medo na vida? Com certeza até os mais destemidos já sentiram. Diz o ditado popular que coragem de verdade não é a falta do medo, mas a força para enfrentá-lo.

O medo é um sentimento absolutamente natural, uma ferramenta de autopreservação. Sua função é estabelecer um limite, sinalizar que a partir daquele momento a própria vida ou a de quem gostamos está em perigo. Aliás, medo e dor exercem a importante função de alerta. Sabe-se, por exemplo, que existe uma condição física em que a pessoa nasce sem a capacidade de sentir dor. O que acontece é, na maioria das vezes, essas pessoas chegam ao final da infância ou adolescência com graves cicatrizes e mutilações. Sem a dor, não nos damos conta de que estamos tocando em algo quente ou que algo está perfurando nosso corpo.

O problema é que o medo pode oprimir e paralisar de tal forma uma pessoa que a impeça de viver, mesmo quando não corre nem um risco. Certamente você conhece alguém que possui alguma fobia ou, no caso extremo, síndrome do pânico. Algumas fobias são tão comuns que recebem até uma nomenclatura específica: Claustrofobia (medo de lugares fechados), Agorafobia (medo de multidões e locais abertos), Coulrofobia (medo de palhaços), etc. Talvez você tenha se surpreendido com a última nomenclatura e um palhaço seja, para você, uma criatura meiga e engraçada. Mas de fato, para uma proporção relevante da população, palhaços são criaturas assustadoras. O livro (com filme homônimo) “It”, explora justamente esta temática.

Há muitas variáveis em jogo em uma fobia, porém geralmente é possível, através da terapia entender “seu gatilho” e enfrentá-la. Se fobia é nome que usamos para o medo de um objeto específico, transtorno de ansiedade generalizada é a situação de medo difusa, sem objeto claro. As duas versões podem ser incapacitantes, entretanto ter um objeto possibilita que o sujeito trace um mapa psíquico de por onde é seguro transitar. No caso da Coulrofobia, por exemplo, basta evitar circos (ou cinemas). Por sua vez, a ansiedade generalizada não permite esse escape e a crise pode aparecer em qualquer momento e em qualquer lugar. Algumas vezes percebo que pacientes com histórico de crises de ansiedade e pânico desenvolvem também o medo de ter medo, ou seja, o medo de ter um evento de crise a qualquer momento.

A boa notícia é que qualquer umas das situações podem ser tratadas e controladas. Terapia, hábitos saudáveis de alimentação e esporte e, quando necessário, medicação promovem o resgate completo do paciente em um prazo de tempo que varia de acordo com cada caso. Viver pode ser assustador, mas também é uma delícia!

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Compartilhe esta notícia:

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade

Facebook