EXCLUSIVO | Foz do Gravataí tem pior água do Rio Grande do Sul

Em quatro a cada 10 análises coletadas pela Fepam a água do Rio Gravataí foi considerada fora dos padrões para consumo humano

No momento em que a pandemia do coronavírus abre os olhos de toda a sociedade para conceitos básicos de higiene como forma de proteção à saúde, já parou para pensar na importância da água em todo este processo? E qual água estamos consumindo?

Pois nesta semana foi disponibilizado pela Fepam o estudo da qualidade das águas superficiais do Rio Grande do Sul. O Rio Gravataí apresentou índices, mais uma vez, alarmantes. Foram quatro coletas de água em fevereiro, maio, agosto e novembro do ano passado, entre sete estações instaladas ao longo do Gravataí. A análise levou em conta índices de Oxigênio Dissolvido (OD), DBO, Fósforo Total, Nitrogênio Amoníaco e coliformes.

Entre 108 amostras, em apenas 69 (63%) foi constatada classe 1 ou 2 na água do Rio Gravataí. Significa que, em quase 40% das análises, a água do Rio Gravataí foi considerada fora dos padrões para o consumo humano.

O estudo destaca tristemente a foz do Gravataí como o pior trecho hídrico de todo o Estado. Neste ponto, em todas as análises, o nível de oxigênio dissolvido chegou, na melhor das hipóteses à classe 4, a pior entre os índices considerados pelo Conama. As amostras de fósforo total e de coliformes, por exemplo, foram consideradas "sem classe", ou seja, abaixo da crítica.

E de quem é a culpa?

A APN-VG lidera desde sempre a luta pela discussão das políticas de gestão dos recursos hídricos. Se o rio continua sendo palco de um conflito constante pelo uso da água, o cenário desta disputa continua sendo o de déficit no tratamento de efluentes, seja no trecho urbano pelo esgoto ou nas nascentes, pelo veneno despejado nas lavouras.

Em 2019, a discussão de um método de cobrança pelo uso da água, que nada mais é do que a atribuição das responsabilidades entre todos os usuários pela melhoria da qualidade do Rio Gravataí, acabou relegada e hoje quase esquecida. Da mesma forma, estudos técnicos como os apresentados pela Metroplan sobre o controle de cheias e secas do Gravataí até hoje não pautam as políticas de desenvolvimento dos municípios.

No levantamento da Fepam, a conclusão é bastante clara ao apontar formas de reverter este caos: controle das fontes poluidoras; monitoramento contínuo de estações e parâmetros que apresentem condições mais restritivas aos usos nobres; gestão do território e dos tipos de uso e ocupação permitidos nos distintos setores da bacia hidrográfica; ações que garantam a segurança hídrica.

Falar em gestão da água é ponto fundamental para qualquer discussão que envolva a higiene em tempos de pandemia. É o que os técnicos do poder público apontam ao final do estudo: "o atingimento de metas de enquadramento da qualidade da água depende da efetivação de ações a serem implementadas, conjuntamente, entre setores usuários e poder público, responsáveis por executar ações previstas em ferramentas de gestão, tais como Plano Diretor, Plano de Saneamento, Plano de Resíduos Sólidos e, especialmente, Plano de Recursos Hídricos".

 

O ESTUDO

Clique aqui para ler o Relatório da Qualidade da Água Superficial do Estado do Rio Grande do Sul, produzido pelo Departamento de Qualidade Ambiental da Fundação Estadual de Proteção Ambiental

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