A Segunda Vara Criminal do Fórum de Viamão passou a contar nessa semana com uma sala de depoimento especial, destinada à oitiva de crianças e adolescentes vítimas de crimes sexuais. Depois de anos, os jovens serão ouvidos com muito mais cuidado, de forma a evitar mais violência – e este é o principal objetivo do projeto.
A juíza Andrea Marodin Ferreira Hofmeister explica como funciona o novo espaço que já está sendo utilizado em outras cidades do país com sucesso.
— É uma sala com brinquedos, jogos, muito mais acolhedora para a criança ou o adolescente. Junto, fica um assistente social com um ponto, que retransmite, com a linguagem adequada, as perguntas que vamos fazendo ao longo do depoimento. Tudo é filmado e as imagens são transmitidas via wi-fi para nós (juiz, promotor ou advogado) ao vivo na outra sala.
Ao final do depoimento, as crianças ganham um "certificado de coragem", uma forma que a juíza encontrou de aliviar apenas um pouco o momento difícil que elas enfrentam.
— O depoimento tradicional costuma gerar grande desconforto e estresse em crianças que precisam repetir inúmeras vezes os fatos ocorridos, nas várias fases da investigação. Por isso, com certeza, é um avanço que ganhamos esta nova sala. E o certificado foi uma ideia que eu tive ainda quando meus filhos eram crianças e achei que agora era o momento certo. Elas adoram — diz.
Segundo o site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), pesquisas demonstram que se questionada de forma inadequada, crianças e adolescentes – assim como adultos – podem relatar situações que não ocorreram ao se sentirem constrangidas ou mesmo ter falsas memórias implantadas. Por esta razão, é fundamental que os entrevistadores sejam altamente qualificados na técnica.