Isolamento e educação são os pilares para flexibilização responsável

Nesse momento crítico da história diante da ameaça do Coronavírus, o povo brasileiro precisará demonstrar muita união. Mas o que percebo nas redes sociais é que, a invés disso, o Brasil parece preferir a separação, sentimento sanguinolento acirrado durante as eleições e alimentado por muitos políticos aproveitadores.

E ela ocorre não apenas entre as pessoas em suas intermináveis discussões ideológicas, mas principalmente nas esferas mais importantes da vida política e institucional que deveriam nortear a população diante do gigantesco desafio de vencer a pandemia, permitindo a retomada das rotinas social e econômica, se ainda for possível almejar tanto. A educação da população e o respeito pelo isolamento serão fatores decisivos para que as novas normativas comerciais tenham efeitos benéficos. Seus pilares. Espero que tenhamos a sabedoria e não precisemos retroceder.

No alto escalão do governo instalou-se uma guerra. Enquanto governadores e deputados mantêm as políticas de "isolamento físico",  o presidente Bolsonaro segue sua marcha rumo à retomada da economia e da flexibilização total. Vale lembrar que a flexibilização no Brasil, ao contrário do que ocorre em países da Europa que também tentam contornar a pandemia, ocorrerá em momento de elevação do numero de casos e de mortes confirmadas pela doença.

 Além disso, Bolsonaro troca farpas com o presidente da Câmara, deputado Maia, e participa de manifestações em favor do fechamento Supremo Tribunal Federal, demonstrando ruptura dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Para completar, se vê cercado de denúncias graves diante do pedido de demissão do até então "super-ministro-incorruptível" Moro, que deixou a pasta da Justiça.

 O mais triste é que as diferenças não poderiam surgir em momento mais inapropriado, escancarando a imaturidade política do Brasil, colocando muitas vidas em risco e comprometendo as tentativas de flexibilização para retomada da economia. Porque entre os cidadãos segue a ruptura demonstrada durante as eleições presidenciais, quando ecoavam pelas ruas "ei, bolsominions!", "vá pra lá seu petralha!". Então um Grenal de opiniões ideológicas se estabelece mesmo diante de temas tão importantes, como a saúde da população e saúde de sua economia. Resultado: em algumas cidades como Manaus, as diferenças perdem o sentido diante de sepultamentos coletivos covas conjuntas.

 Os níveis de "isolamento físico" da nação estão entre os mais baixos da América Latina. Os indicadores registrados nas principais capitais de todo país têm caído diante da sinalização de reabertura do comércio. E nessa hora difícil, em quem o povo deve acreditar? Bolsonaro já deixou claro sua opinião sobre "a gripezinha" e participa de atos públicos sem qualquer tipo de proteção ou protocolo. Fazendo de si mesmo a antítese pessoal em relação às opiniões de infectologistas e médicos. 

O final de abril e o início de maio prometem marcar a reabertura gradual do comércio e meu temor é que diante do panorama exposto o processo de retomada acabe por selar o fim da quarentena. Se atualmente, mesmo com todas as restrições, a população tem demonstrado ceticismo ao utilizar áreas públicas durante os finais de semana, qual será então seu comportamento diante da perspectiva de voltar a visitar os shoppings? Passariam a ficar em casa? Duvido e espero estar errado.

E por falar em economia, precisaremos ser econômicos em nossas saídas pelas ruas. Necessitamos pensar com estratégia. Pois o Brasil teve a possibilidade de combater a pandemia mesmo antes de ela alcançar os níveis alarmantes de outros países. Antes de começar a assolar populações ou causar o colapso do sistema público de saúde. Antes de vermos os corpos amontoados nas ruas. E a melhor arma que temos até o momento é o "isolamento físico". Vimos exemplos desastrosos seguidos por outros países e devemos evitá-los. Entre "direita" e "esquerda" o Brasil segue sem um rumo claro. Que vença o caminho da ciência.

 

*As publicações nos espaços de opinião são responsabilidades de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião do Diário de Viamão.

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