Já ouvi falar que todo apaixonado está em um estado mental tão alterado que poderia ser considerado alguém não saudável, como se estivesse doente, podendo se tornar impaciente e perder os sensos de humor e de perspectiva. Em casos graves, a paixão seria capaz de deixar as pessoas nervosas, chatas e psicóticas. As mais perigosas até virariam assassinas. Pois eu digo o contrário. Quem não está apaixonado é que está doente. Paixão é um dos sentimentos capazes de nos mover até um novo patamar, até onde nós mesmos julgávamos ser impossível. Talvez um dos únicos fortes o bastante para nos elevar à condição de sonhadores, colocando foco no que nos interessa e ofuscando o supérfluo.
Há diversas formas de se apaixonar. A clássica é por alguém que nos completa, nos faz sentir importantes e desperta nosso melhor lado, nos ajudando a evoluir e tornando os dias mais fáceis. Para os sortudos que viveram ou vivem esta situação, fica claro que a melhor coisa da vida é estar apaixonado. Aqueles que entendem este sentimento como doença dizem que a paixão é apenas uma forma de buscar satisfazer uma carência que as pessoas não conseguem suprir sozinhas.
Céticos.
Eu digo que lhes falta se apaixonarem. E não precisa ser por outra pessoa, porque podemos nos apaixonar pela cidade onde moramos, pelas que já visitamos ou que ainda vamos conhecer. Podemos ser apaixonados pelo nosso apartamento ou pela nossa saúde. Podemos ser tão apaixonados pelo nosso bem-estar que somente um estilo de vida que o preserve nos interessa, nos trazendo grandes benefícios por não cultivarmos hábitos que possam debilitá-lo. E quanto à nossa carreira? Ser apaixonado pela profissão resolve grande parte dos problemas da vida.
Quase tudo pode ser objeto da nossa paixão, e quando descobrirmos o que é, vamos sentir uma urgência, uma necessidade inexplicável de suprir aquela vontade, nos tornando mais corajosos e despertando nossa positividade, nos impossibilitando sequer de imaginar que algo daria errado. Já para quem nutre o ceticismo e acha que paixão é doença, lhes digo que a ausência deste sentimento é que torna as pessoas umas chatas, apáticas e covardes. Tão covardes que não tem vontade de fazer nada além de ficar reclamando e envelhecendo e inventando empecilhos.
Por serem imelhoráveis, uso as palavras de Bukowski para dizer que quem não tem paixão sempre diz que vai “pintar ou escrever ou o que quer que seja, tão logo instalar uma luz melhor, ou tão logo se mudar para uma nova cidade, ou tão logo voltar da viagem a qual estava planejando, ou tão logo… é simples: não quer fazer”, não está apaixonado a ponto de superar suas desculpas para transformar o logo em agora.
Os verdadeiros apaixonados vencem seus medos e fazem o que devem fazer, desfrutando da recompensa de viver os melhores dias das suas vidas. Para os doentes, seus dias são tão sem graça que é possível que o melhor das suas vidas tenha sido o da sua aposentadoria ou, tão ruim quanto, um em que não fizeram absolutamente nada. Apaixone-se. Só assim poderá viver momentos dos quais se lembrará para sempre. Qual a sua paixão? Se não encontrou ainda, procure. E quando encontrá-la, já sabe o que fazer.