Que tipo de música você gosta? Rock? Indie? Pop? Folk? Reggae? Com tantos estilos musicais disponíveis acho difícil me prender a somente um ou dois. Já me fizeram essa pergunta várias vezes, e eu nunca soube responder. Sou uma constante inconstância e meus gostos são tão amplos quanto o oceano.
Há um tempo atrás cheguei a conclusão de que realmente não tenho um estilo musical favorito, e sim músicas favoritas que me trazem boas lembranças. E acho que isso acontece com todo mundo. Quem nunca trocou a estação do rádio quando a música que estava tocando lembrava alguém que não queríamos lembrar? As músicas que ouvimos estão intimamente ligadas ao sentimento que temos ao ouvi-las.
Amo as músicas dos anos 90/2000 pois elas me transportam para uma fase muito especial da minha vida. Uma época em que minhas maiores preocupações eram não perder o horário do treino de handball e sair correndo para o bar da escola na hora do recreio antes que aquele salgado de queijo maravilhoso acabasse.
Quando fiz 18 anos, portas, janelas e festas se abriram para mim. Aqui em Porto Alegre tinha uma casa de festas muito famosa chamada Cabaret: uma pocilga, mas uma pocilga muito amada pelos frequentadores. Nessa época minha maior preocupação era o vestibular, que foi um inferno na minha vida, pois eu não queria ir para faculdade ainda.
O Cabaret era minha válvula de escape. Era o local onde eu me sentia liberta, leve e feliz; onde eu fazia migas de infância por uma noite. Nos consolávamos, emprestávamos o batom e falávamos coisas do tipo "esse boy é lixo, vai lá e mostra para ele quem tem poder". Enquanto isso, Dog Days Are Over tocava e parecia que todos partilhavam do mesmo sentimento, da mesma dor e da mesma felicidade. Todos na festa se abraçavam, entendiam-se e batiam palmas junto à música. Nunca saberei explicar a magia daquele lugar, só sei que a carregarei para sempre em meu coração.
Você tem alguma música que sempre te faz chorar por algum motivo? Eu tenho: Ride da Lana Del Rey. Na época que eu descobri essa música eu estava passando por uma fase em que eu não me encaixava em nada do que estava fazendo. Eu fazia uma faculdade por obrigação e desistia de tudo o que começava, justamente por não ter me encontrado profissionalmente.
Eu não queria fazer o padrão e nem ser o padrão. Admito que sempre fui a ovelha negra e era inadmissível me formar, trabalhar e odiar minha rotina. Queria ser maior do que jamais imaginaria ser e não estou falando sobre dinheiro e fama. Eu só queria pegar um carro, rodar por aí, conhecer pessoas e locais e estar em contato com meus sentimentos.
No início da música, Lana fala "Eu sempre fui uma garota incomum. Minha mãe me disse que eu tinha uma alma de camaleão. Sem bússola moral apontando para o Norte, sem personalidade fixa. Apenas essa indecisão interna que é tão grande e tão balançante quanto o oceano.", e eu tomei essas palavras como um lema de vida, que por mais que eu lutasse contra, eu sempre perderia a batalha.
Não há coisa nesse mundo que eu ame mais do que viajar. Sempre que planejo uma viagem, faço um café e escuto Deep House. Esse é aquele tipo de música que te deixa feliz, triste e calmo ao mesmo tempo. É o tipo de música perfeito para se ouvir em um final de tarde chuvoso junto da melhor companhia: você mesmo.
Eu não sei como, mas esse estilo musical tem um poder sobre mim. Faz eu entrar em contato com minhas angústias e pensar "está tudo bem, vai passar". É como se eu abraçasse meus monstros e fizesse um acordo de paz com eles. "Paz". É justamente isso que eu sinto.
Eu sempre sinto o coração quentinho quando escuto Fly With Me. Nesse momento não há tristeza, apenas felicidade. Faz-me lembrar sobre como tive sorte em encontrar meu companheiro para vida toda. Seria muito bobo se eu dissesse que nos imagino viajando, sorrindo e andando de mãos dadas enquanto o sol brilha e os pássaros cantam? É bobo mesmo, mas agora já disse. E é justamente esse o propósito da música. Fala sobre um casal apaixonado viajando pelo mundo, conhecendo lugares maravilhosos e having a good time – não sei como falar isso em Português.
Sou e sempre serei muito ligada à música. Ela é capaz de transformar o meu dia e meu estado de espírito. Ela fala por mim e me transporta para onde meu coração desejar.