Nesse final de semana pude conversar com algumas amigas, amigas que já são mães, outras que desejam ser e outras que "Deus me livre". Sempre fui rodeada de mulheres com realidades diferentes da minha, e sempre me interessei por esta diversidade de realidades.
Nas minhas amigas, vejo potência e capacidades múltiplas. Conheço mulheres que são mães de primeira viagem, mas são empresárias e administram seus próprios negócios. Conheço mulheres que são esposas e cuidam do lar, mas também trabalham dia e noite pelo sustento da sua casa e de seus filhos.
Mulheres que possuem histórias que antecedem os seus dias de maternidade, mulheres que já eram mulheres muito antes de se tornarem namoradas, esposas ou mães.
Observo que ainda somos colocadas em caixas subalternas, rótulos que nos limitam enquanto seres, seres que sentem medo e que têm vulnerabilidades. Mulheres que têm desejos secretos e curiosidades, olhares que dividem com as amigas em uma profunda mística que não é possível traduzir.
Não sou apenas a namorada do fulano, pois tenho nome quando me apresento. Não sou apenas a mãe do meu filho, pois tenho nome quando me apresento. Não sou apenas a esposa do Joãozinho, pois sou muito mais que isso, e também sou isso, se me deixarem ser.
Me incomoda que ainda sejamos tratadas de modo condescendente em muitos espaços, muitos não nos olham como uma caixa de surpresas, mas sim como algo que já foi estipulado e determinado pela sociedade: a mãe, a esposa, a namorada.
É lindo quando uma amiga que possui tantas responsabilidades como ser dona de casa, mãe e esposa, compartilha seus sonhos e seus receios diante de uma rede de apoio que confia. É lindo quando uma mãe chora, pois ela também possui esse direito, afinal, uma mãe também é uma criança que cresceu.
É lindo enxergar que já fomos muitas coisas antes de desempenhar qualquer papel que foi escolhido por nós, mulheres. Artistas, empresárias, estudantes e bagunceiras. Sim, também somos bagunceiras e atrapalhadas, gostamos de festas, tal qual os homens. Gostamos de chegar tarde, de falar alto e cometemos alguns erros aqui e ali.
Por isso eu digo, que possamos olhar para as mulheres que nos rodeiam para além do que a estrutura nos permite ver. Mulheres são múltiplas, muito antes de ser, já eram e continuarão sendo. Enquanto isso, que tenhamos mil namorados, alguns filhos e outros gatos e cachorros, mas que nos chamem pelo nome, porque todas temos nome e uma história para contar.
Com carinho, Alice.