A RS-118 vai ganhar obras – mas ’adivinhem’: no trecho de Gravataí

Prefeito de Gravataí (com máscara preta) se articula bem com o governador

Não, não estou de brincadeira. A ERS-118 (a Rodovia Mario Quintana) vai receber obras. E não, não será no trecho que corta Viamão e Alvorada. Será, como de costume, em Gravataí.

A "nova façanha" (slogan de governo de Eduardo Leite), às portas da eleição, foi prometida pelo chefe do Executivo estadual em visita ao prefeito vizinho, Luiz Zaffalon (MDB) no início desta semana. O tucano, que para os lados de cá do Rio Gravataí projeta pedágio em troca de uma possível duplicação – a depender da arrecadação da empresa privada que vai cuidar do caixa – projeta a construção de uma elevada na ERS-118, para facilitar a mobilidade do distrito industrial de lá.
É mais dinheiro investido em obras – além dos R$ 410 milhões que eu e você já pagamos – em uma rodovia que será entregue para a exploração da iniciativa privada daqui alguns meses. 

Lendo as informações trazidas pelo colega Rafael Martinelli no Seguinte:, o site-irmão do DV, confesso que fiquei com inveja da agilidade do que acontece em Gravataí. Como filho de Viamão/Alvorada, digo que eu e as rachaduras históricas no asfalto construído ainda na década de 1970, estamos boquiabertos.

Por aqui, não temos as soluções – tampouco os problemas que eles têm. Prova são os buracos nas pistas recém-inauguradas com pompa e circunstância por Leite, que tenta emplacar como o homem da terceira via presidencial. Sim, a nova RS-118 já está cheia de buracos. E sim, as obras de recuperação estão em andamento.

O velho e surrado asfalto do lado de cá das futuras cancelas "racha" de inveja.

 

Abaixo, a "primavera de boas novas para Gravataí", como escreveu o Rafael Martinelli no Seguinte:

 

Leite para Zaffa: ’Vou fazer’ elevada na 118 em Gravataí; A primavera das boas novas

 

Luiz Zaffalon está vivendo uma primavera de boas notícias para Gravataí. Nas últimas semanas, depois da turbinada na GM, que evita perdas no orçamento municipal que já chegam aos R$ 50 milhões na pandemia; na Prometeon, que aumentou a produção e chega a 2,2 mil funcionários; e na Magalu que inaugurou centro de distribuição de mais de 400 empregos, o prefeito testemunhou esquentar a promessa da construção de uma elevada na ERS-118.

O acesso entre o Distrito Industrial e a Centenário, além dos congestionamentos crescentes, é um ‘Km da morte’.

Na inauguração da gigante do varejo do Brasil no km 11 da 118, Zaffa agradeceu pela contribuição na duplicação da rodovia entre Sapucaia e Gravataí “para alavancar os investimentos na região” e pediu "um olhar especial para a entrada de Gravataí”.

– Atualmente, este é o nosso grande gargalo e tenho certeza que o Governo do Estado, sabendo da importância da cidade para a economia do RS, está atento a este problema viário – disse.

Eduardo Leite deu sinal verde.

– Temos um pacote de investimentos para o Estado sendo colocado em prática e, entre as muitas demandas, está o entroncamento da Avenida Centenário com a RS 118.

No mesmo dia, quando acompanhou executivos da Prometeon até o Palácio Piratini para anunciar ao governador a ampliação em 30% da produção mirando no agronegócio, Zaffa ouviu mais uma confirmação de Leite:

– Estarei em Gravataí em alguns dias conforme prometi ao prefeito, para dar a ordem de início da obra na 118 e já aproveito e vou visitar a fábrica – respondeu o governador, ao convite do CEO da Prometeon para Américas, Eduardo Fonseca.

Áudio do secretário estadual de Logística e Transportes Juvir Costella confirma que a licitação da obra será aberta em outubro. As estimativas de custo das obras de arte na rodovia duplicada ainda não são divulgadas oficialmente, mas ultrapassam R$ 30 milhões.

Ao fim, a elevada repõe a verdade sobre a 118, inaugurada sem estar pronta, ao menos para Gravataí, como analisei em janeiro em Duplicação completa da RS-118 é uma fake news.

E, como já antecipei Como polêmica do pedágio paralisa principais obras de Gravataí; A vibe de Zaffa com Leite, a vibe de Zaffa com o governador é melhor do que aquela que experimenta o ex-prefeito Marco Alba desde o ‘tchau Mercado Livre’, que tratei em uma série de artigos como Os ’negócios sigilosos’ do RS e o tchau, Mercado Livre, e também a deputada estadual Patrícia Alba, e reportei em artigos como A Gravataí que não engole pedágio: ’Depois de 14 anos pagando a duplicação ninguém merece’; O país do faturo e Privatização da Corsan: Patrícia Alba ’pega na mentira’ o governador; Deputada de Gravataí vota contra ’Pix ilimitado’ para vender a estatal.

– Faremos as obras em sintonia com o Governo do Estado – disse o atual prefeito na entrevista em vídeo 6 meses de governo: O sincericídio de Zaffa em vídeo; Os feitos, os planos e polêmicas como IPTU, Sogil, Corsan e mais.

É um compreensível pragmatismo.

Faz-me lembrar uma história millôriana: “Todo mundo fala, hoje, em pragmatismo, diz que é pragmático, que o pragmatismo é fundamental à manutenção da estabilidade nacional, etc. Mas pragmatismo mesmo, era o da cidadezinha de Tropolitar, em Ruanda, onde, tendo um ferreiro cometido um crime hediondo, a Justiça local, depois de processo rumoroso, enforcou um alfaiate. A cidade tinha dois alfaiates e só um ferreiro”.

 

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