Open de arrependimento

Todos os dias da sua vida são normais: você acorda, cumpre sua rotina, volta para casa e se prepara para o dia seguinte. Todos os dias são da sua vida pacatos, até que chega um dia em especial. Aquele no qual todo mundo começa a te mandar vídeos no Whats App comemorando a chegada da Sexta-feira. Basta um vídeo de um anão dançando de lingerie para você se lembrar de que "hoje tem, miga". Você joga toda aquela papelada medonha pro alto e sai do trabalho dando beijo no porteiro com aquela soundtrack mental “because I'm happy…”. Você está andando na rua e se imagina em um flashmob maneiro com balões e aplausos ao final, afinal, todos os dias são normais, mas esse em peculiar é excitante.

A galera sai do trabalho e já vai dando aquela olhadinha nos eventos do Facebook com o intuito de achar uma festa legal. Festa com tinta é legal; festa com moloko é legal; festa à fantasia é legal, mas nada é tão duplo twist carpado legal quanto uma festa open bar. Se você gosta de festas assim, sabe que pode esperar por tudo nesses eventos. Espere por cantadas ridículas como "E aí, gata, se colocar um coco na montanha, rola ou não rola?” e também pelas grotescas do tipo "se tu fosse um peido, eu jamais te largaria".

Uma boa open é aquela que te dá momentos inesquecíveis e uma bela dor de cabeça no dia seguinte. Tenho um amigo que ao sair de uma, deitou no meio da rua, tirou o relógio, colocou no chão e dormiu, como quem dorme no conforto do lar. É óbvio que uma pessoa não vai a uma festa achando que vai acordar deitada no meio da rua com um mendigo ao lado, mas o intuito é se acabar. E tudo começa tranquilamente; você bebe uma cervejinha, um combinho, um drink, uma tequila, opa, mais uma tequila e quando você se toca da sua real situação, você está em cima do palco tentando tirar seu casaco, mas sua camiseta vem junto e você fica preso nos dois com os braços para cima contando com a ideia de que ninguém está vendo aquilo.

Como eu disse, você não planeja nada disso, a única coisa que você planeja é aquela entrada triunfal, um passinho que você aprendeu no clipe da Beyoncé e achar aquele boy que você imaginou enquanto se arrumava. E na verdade esse é o problema de muitas mulheres que eu conheço – inclusive eu. Nós vamos à festa achando que vamos nos pechar na escada com o boy que vai acabar com nossa fama de solteira encalhada. E sinceramente? Não vamos. O máximo que vamos achar é nossa nova miga vomitando no banheiro e uns homens que vão até o chão muito melhor do que nós.

Sinto que muitas pessoas vão a festas procurando por coisas que não existem ali. Se você estiver procurando por gente faceira, vodka barata e lotação de casa, você acertou em cheio. Chega aquele momento na festa em que a casa está tão cheia, que se você entrou em coma alcoólico, ninguém vai notar, pois você vai continuar na vertical amassado entre corpos suados.

Há também aquele momento em que o DJ bota uma música sexy como Oops!… I Did It Again. Bom, pra quê? As mulheres saem de um estado ok para um estado de alerta, como se estivessem em uma caça. É o momento em que queremos sensualizar, jogar o cabelo pro lado e – tentar – dançar como a Britney Spears. Os homens, bem, tentam passar a impressão de que estamos dançando super bem, só para ver se o coco rola na montanha mesmo.

Mas sabe como é, né? Open de vodka, de cerveja, de miga, de má reputação, de falta de boy, de risada, de choro, de foto queima filme no Facebook e, é claro, de perda de dignidade. Apesar de ter quisto muito vir à festa, to aqui só esperando amanhecer para pegar o ônibus e deitar na minha cama. Prometo que Sexta que vem não saio de casa.

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