Demorei pra escrever. Precisei respirar. Digerir esse absurdo.
Seis mulheres gaúchas assassinadas em um único dia. Seis vidas arrancadas, no que deveria ser uma Sexta-feira Santa. Justo no dia de celebrar a ressurreição, o recomeço, a renovação…
Enquanto todo mundo no Brasil postava fotos de mesas fartas, de coelhinho, de renascimento… eu aqui, rolando o feed, só conseguia pensar em como é que a gente pode celebrar a vida enquanto a morte nos espreita com tanta crueldade no Rio Grande do Sul.
Em Parobé, Feliz, São Gabriel, Viamão, Bento Gonçalves e Santa Cruz do Sul. Todas mortas por homens com quem tiveram algum vínculo. Companheiros ou ex-companheiros. O “amor” que controla, que violenta, que mata. Desamor.
É chocante. É revoltante.
E é no meu estado.
Um lugar lindo, de gente forte, mas ainda machista até o osso. Que idolatra o homem bruto, o “chefe da casa”, mas ignora o grito silencioso de tantas mulheres. Não se pode generalizar, eu sei, mas passou dos limites. Um estado que precisa proteger. Educar. Se transformar. Não tem como se dizer inovador, diverso, com tanto retrocesso.
Hey @eduardoleite45 , ajuda aqui!
Não tem como falar de renascimento enquanto seguimos morrendo.
Não tem como celebrar a vida quando estamos enterrando as nossas gurias.
E eu tô indignada. Triste.
Escrevo isso como um grito em pleno feriado. Nesses dias em que todos estamos desplugados da vida real é que se precisa falar.
Gaúchos, não se calem.
A gente precisa fazer barulho.
A gente precisa se proteger.
Se a sociedade não se comove com seis feminicídios em um dia… então eu não sei o que pode sensibilizar.
E nessa Páscoa, em vez de desejar chocolate, eu desejo coragem.
Porque o mundo lá fora, ainda hoje, exige que a gente seja valente só por existir. Estamos juntas!