Finalmente, depois de dez anos de casamento, ela se sentiu realmente livre para fazer da vida o que quisesse. Era sábado, o primeiro sábado depois do divórcio. Tantas opções à vista. Tantas amigas. Um telefonema, uma mensagem no What´s e o encontro das gurias aconteceu. Num Bar de decoração colorida. E, frequentado por pessoas bem mais jovens que elas.
O bar reunia a elite da cidade. Um barman cuidava dos drinques servidos com maestria, em lindos copos de cristal. Ela e suas amigas eram só sorrisos. Mas o assunto reinante em sua mesa era as desgastantes relações sentimentais. Todas as amigas tinham estórias parecidas. De descontentamento com o casamento. De desiluções. De sofrimentos. E, grandes mágoas dos seus parceiros.
O garçon, a pedido delas, serviu um vinho português do Alentejo. “Aveludado” foi a definição da degustação de uma delas. O vinho realmente era de qualidade. E seguiram-se assuntos variados. A tônica era a liberdade, que o casamento priva das pessoas. O brinde foi unânime. Entre elas, um coro: “Saúde e Liberdade”!
A mulher divorciada beirava os quarenta anos de idade. Falou tão mal de sua relação com o marido que as amigas chegaram a odiá-lo: “Era alcoólatra, viciado em canabis e aprontava cenas que iam parar na delegacia de polícia”, contava ela. Tentou ajudá-lo de todas as formas possíveis. Mas ele não deu atenção para a feliz normalidade dela. Dizia que ela queria transformá-lo num homem “careta”. Coisa que ele, achava que não era. Se sentia, civilizado e apreciador das coisas boas da vida. Segundo ele, a alteração de consciência fazia parte deste mundo de delícias. Que nada mais eram do que vícios. Nada recomendáveis. Nada saudáveis.
O Bar fervilhava de gente. Homens, mulheres e jovens. Muitos jovens. Após três garrafas do vinho português divididas entre as cinco amigas, bateu aquela vontade de provar a nova vida. Escolheram seus pares e saíram dançando descontraídas dentro do Bar . A música era conduzida por um DJ de cabelos longos e tatuado.
Aquela noite era especial. Soava a liberdade. Que agora podiam compartilhar. Com a simpatia de amigas que sabiam ouvir. Que comungavam dos mesmos sentimentos e problemas. Em todas elas, havia um renovar de vida. Uma rara sensação de felicidade. E o que julgavam mais importante: a capacidade de atenção. Que poucos casamentos podem dar. “A atenção da amizade”!