Na fria noite desta terça-feira (18), em que a maioria das pessoas estava "quentinha" em baixo das cobertas, um pedido inesperado tocou o coração do jovem José Alex Bueno Moch Júnior, 21 anos. Junto com um amigo, ele voltava a pé da academia para a casa. Morador da Tarumã, o trajeto já é parte da sua rotina.
O que não era costumeiro, foi o chamado de um senhor que estava sentado na calçada, na rua em frente à igreja Matriz, no Centro. José pensou em não dar ouvidos e seguir reto. Afinal, já era tarde e o medo da violência também o acompanhava.
Indo contra os instintos, José decidiu se aproximar e ver o que estava acontecendo. Para a surpresa dele, o senhor não queria dinheiro ou comida. Ele estava com frio e implorava por qualquer agasalho que o aquecesse. Com uma sacola plástica nas mãos, ele vestia apenas uma camiseta e um fino casaco por cima.
— Ele disse que estava congelando e que naquela noite, a cama dele seria a calçada. Eu tinha um blusão na minha mochila que decidi dar para esse senhor – que tinha aproximadamente uns 68 anos. O nome dele era Luis. Ele me olhou e começou a chorar. Me pediu para ajudá-lo a se vestir. Eu e o meu amigo o ajudamos. O blusão ficou um pouco apertado, mas ele agradeceu muito. Eu fui e dei um abraço nele. Como ele disse: um abraço verdadeiro, um abraço de amigo, um abraço de irmão. Eu nunca esperava que isso fosse acontecer comigo.
Jean conta que ficou com um blusão a menos, mas com o coração cheio de felicidade.
— Não tem dinheiro que compre o que senti. Hoje estamos aí, no quentinho, sempre reclamando de barriga cheia, enquanto há uns na rua que só precisam de um abraço. Não é dinheiro, não. É ser humilde, ser humano. Agradeço à Deus por ter me parado naquele momento, naquele lugar.
Logo que chegou em casa, José foi até as redes sociais e compartilhou a sua história.
— Foi uma experiência tão incrível que eu precisava compartilhar com as outras pessoas e incentivar que os outros também tenham uma boa atitude, doe um agasalho, ajude o próximo, seja um ser humano humilde — finalizou o texto.
Procure ajuda na Assistência Social
A prefeitura orienta que, ao ver uma pessoa em situação de vulnerabilidade social, o ideal é que o cidadão entre em contato com a secretaria de Assistencia Social, para que o morador de rua possa ser encaminhado ao Centro Pop – local destinado ao resgate da cidadania das pessoas que vivem nestas condições.
O acolhimento é feito de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. Desde que o Centro foi inaugurado, em maio de 2014, já foram atendidas cerca de 421 pessoas. Destes, cerca de 10% (42 usuários) voltaram a morar com suas famílias, outros estão trabalhando durante o dia e outros conseguiram ter uma casa para morar.
De acordo com a Secretária Da SMCAS Maria Rita Cardozo, o Centro Pop tem capacidade para atender, por dia, 20 pessoas. Eles chegam, recebem um kit de higiene, tomam banho, almoçam, possuem um armário para guardarem seus pertences, lavam suas roupas na lavanderia, participam de oficinas, almoçam, e, às 17 horas, vão para o albergue noturno Santa Edwiges, onde recebem a janta e uma cama quentinha para dormir.
Saiba mais:
Centro POP
A estrutura da unidade conta com cozinha, refeitório, banheiros com chuveiro, lavanderia, sala de abordagem da equipe social, sala de reuniões e sala de atendimento individualizado (serviço social e psicológico).
Os usuários também têm acolhida individual com escuta qualificada, atendimento psicossocial e participam de oficinas socioeducativas e de ressocialização. As atividades são voltadas também para a reinserção familiar dessas pessoas e encaminhamento para o mercado de trabalho.
A equipe profissional é composta por coordenador, assistente social, psicólogo, pedagogo, educador social, administrativo e cozinheira.
Onde fica:
Endereço: Rua Antônio Vivaldi, 454, no bairro São Lucas.
Atendimento: Segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Albergue Noturno Santa Edwiges
O Albergue Noturno oferece serviço de albergagem noturna – serviços de pernoite, alimentação ,guarda de pertences, lavagens de roupas e abrigamento para pessoas em situação de rua, desabrigo ou em trânsito, seja por motivos de abandono, migração, ausência de residência, sem condições de autossustento ou ainda para aqueles que não contam mais com proteção de suas famílias.
O Albergue tem capacidade para acolher até 25 pessoas, de ambos os sexos, a partir dos 18 anos – 14 vagas masculinas e 11 vagas femininas. Crianças e adolescentes também podem ser acolhidas se possuírem documentos e estiverem acompanhadas pelos responsáveis.
Onde fica:
Endereço: Travessa Farroupilha, 280, no bairro Orieta.
Atendimento: O funcionamento é apenas noturno, das 17h30 até às 8h do dia seguinte. O acolhimento acontece às 17h30, com tolerância até às 19h. A demanda é expontânea e de acordo com a ordem de chegada.