Vocês já encontraram algumas pessoas e sentiram que as conheciam de algum lugar? Buscamos intensamente em nossas memórias lembrar o nome, a idade, o local e o motivo no qual encontramos aquelas pessoas pela primeira vez. Em muitos casos, o reconhecimento vem horas depois. Foi exatamente o que aconteceu comigo!
Como de costume, participo das visitas mensais aos asilos da cidade de Cachoeirinha. Lá servimos um bom café aos vovôs, conversamos, ouvimos, rimos e tornamos a tarde de todos mais leve. Nessa última visita, convidamos cabeleireira, manicure e pedicure. Imaginem as filas para uma tarde de cuidados com a beleza! Foi aí que presenciei o reencontro.
Emanuelle e Paulo chegaram alguns minutos depois do grupo, sentarem-se a mesa conosco e começamos a conversar. Se eu os conhecia? Claro que não! Mas o casal estava feliz em me reencontrar. As horas passaram e eu me vejo questionando de onde os conheço. Sim! Eu os conhecia, mas de onde? De quando? E como? Mas isso não era tão importante. Continuamos a conversar. O Paulo interagia com os “hóspedes da casa” enquanto Emanuelle enfeitava as unhas das nossas vovós. Era um sorriso maior que o outro! O do casal e dos vovôs.
Nos despedimos como velhos conhecidos. Retornei para casa com a mesmo pergunta: eu os conheço de onde? Foi neste momento que minha memória se recordou. Paulo é diabético, necessitou fazer hemodiálises e precisou se submeter ao um transplante de rim no ano passado. Emanuelle é sua esposa. Todas as semanas de 2017, os dois entraram na Casa Espirita Chico Xavier, onde realizo trabalho voluntário, em busca de auxílio. Todas as terças-feiras, eu recebia o casal com palavras de incentivo e apoio à família. E deu certo!
Porque não os reconheci tão rapidamente? Pois seus olhos brilham diferentes. Paulo largou a máscara, está saudável. Até o tom de voz está diferente! Ele doa saúde e gratidão. Emanuelle mudou o cabelo, este sorridente e só pensa em ajudar o próximo. Depois de muitos meses ente hospitais, cirurgias, medicamentos e lágrimas, o casal venceu uma dor e resolveu agradecer em forma de solidariedade.
Este texto serve para pedir desculpas e agradecer. Desculpa Emanuelle e Paulo por não reconhecer a luz que sempre brilhou dentro de vocês e obrigada por voltarem ao nosso grupo por meio da caridade. Gratidão!