Ana D’Avila | Uma simples mulher

Encravada numa área vip da cidade litorânea ela se sentia sofisticada. Mas não era nada disto. Pobre, viúva, agora renascia. Com uma aflição desmesurada em viver seus dias tristes.

Não era ninguém na estratificação social. Era, entretanto, uma alma boa. Acreditava em Deus. Fazia o bem dentro de suas possibilidades. Jamais deixou de atender a um pedinte. Mesmo que suas escassas moedinhas quase nada pudessem comprar.

Seus interesses de senhora já vivida ultrapassavam os anseios glamourosos do passado. Seus desejos humanos e necessários se modificaram. Nenhum perfume importado a atraía tanto. Por mais oriental que sua essência fosse, nenhum bem material lhe encantava.

Queria assim, como pensava o filósofo Epicuro, viver uma vida simples, em contato com a natureza. Com raros e interessantes amigos. E desfrutar de uma alimentação quase sempre natural.

Convidada para um círculo de meditação ao ar livre, se dispôs a entender o sentido da vida. Ou pelo menos conectar-se com o verdadeiro: a energia do Universo. Ali numa praça profundamente bem cuidada e verde, reuniu forças para reativar sua espiritualidade.

Os participantes do círculo foram chegando lentamente. Nove horas, sol a pino. Enfeitando a manhã de quarta-feira, um mar verde. Todos os integrantes faziam de suas vidas a manifestação do bem, do desapego e da mentalização. Enfim, tudo que provém de Deus.

Não existia naquele grupo olhos maléficos, nem pensamentos tóxicos. Todos estavam na mesma sintonia. Depois de trinta minutos de meditação, dispensaram-se. Em suas mentes, muita luz. Em seus caminhos terrenos, muita paz. A simples e espiritualizada senhora, transmutou sua energia. Acrescentou mais amor e bons sonhos ao seu cotidiano. Em silêncio, caminhou até a praia, distante uns cinquenta metros dali.

Com o ar marítimo, cabelos revoltos e muita disposição, renovou seus atos de bondade e benemerência naquele novo ciclo de vida. Tão meditativo e tão verdadeiro. Do grupo reunido, ficou a certeza de que não somos meros expectadores diante deste tempo de aflições humanas. Todos podem e devem trabalhar incessantemente para o bem do Planeta, tentando compreender a si mesmo e aos outros em cada novo dia.

Por fim, envolvida no silêncio do lugar, com os pés descalços, retornou para casa, seu abrigo terreno. E onde, por certo, será mais feliz e alegre. Deixando para trás sua vida anterior, de futilidades, agressões e estupidez. Estava agora, polindo seu corpo físico, a caminho da verdadeira luz. E completamente livre das amarras que impediam seus olhos de ver. Sua lição da experiência: liberdade e evolução.

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