Deu bafão entre vereadores nas redes sociais com a divulgação do primeiro projeto que permite aos políticos antecipar no primeiro semestre até 40% do décimo terceiro salário que recebem – mimo que, arrisco, poucos em Viamão sabiam da existência.
É o 01/2020, primeira proposição do ano da Mesa Diretora da Câmara.
Não vou entrar na guerra de narrativas e acusações de fake news que, pelas ameaças entre parlamentares, segunda-feira se somarão aos milhares de processos que se arrastam no judiciário local.
A notícia principal é outra.
É momento para mais uma vez cuidar do próprio bolso em meio ao pânico da crise do coronavírus?
Os vereadores já tinham aprovado aumento nos próprios salários, para R$ 10 mil, enquanto o mundo teme pela saúde, desemprego e fome.
Tratei da polêmica em artigos como Vereadores sem vergonha de aumentar salários em meio à crise do coronavírus em Viamão.
Sexta-feira Viamão apareceu no RBS Notícias. Não devido à 'Lava Jato de Viamão', ou mais uma vez pelo caos nos postos de saúde, nem por algum assassinato ou por ruas que teimam em existir entre os buracos. O alvo de reportagem de Giovani Grizzotti, notório investigador de escândalos políticos, foi o constrangedor aumento nos próprios salários aprovado pelos vereadores.
Não importa que o projeto apresentado pela Mesa Diretora da Câmara regulamente o pagamento da ‘gratificação natalina’ nos “termos da lei” não sei qual ou se o artigo 3º do parágrafo seguinte está devidamente amparado na 2ª línea do inciso terceiro.
O diretor Geraldinho Filho não precisa explicar tecnicamente, como fez nos gabinetes de parlamentares, conforme um deles.
A metafísica da coisa é que é nauseante.
Parece-me óbvio, e certamente para mais gente do que a torcida do Tamoio, que é uma preocupação extemporânea e inoportuna.
É comportamento ‘napoleão de hospício’. Uns apelando para o mundo parar, outros para o mundo andar, informados, desinformados e informados do mal disputando par ou ímpar sobre cancelar CPFs ou CNPJs, e os vereadores de Viamão se preocupando com o 13º?
Opinião minha: é um dinheiro que nem deveriam receber. Mesmo que seja legal, e o é, considero imoral – principalmente neste Brasil das MEIs, da informalidade, desemprego ou desalento.
É mordomia.
Vereador não exige dedicação exclusiva. Pode ter seu próprio negócio ou trabalhar na iniciativa privada. Em concessionárias do serviço público, até!
Dilamar de Jesus, presidente da Câmara e, como comandante da Mesa Diretora, signatário primeiro da lei, é um exemplo. Ganha duas ‘gratificações natalinas’: uma do Legislativo, outra da empresa de ônibus Viamão, onde trabalha.
Não sou daqueles que usam da raiva dos eleitores para caçar-cliques no Grande Tribunal das Redes Sociais. Abomino quem usa do artifício da falsa moralidade para permitir aos políticos não mais que a presunção de culpa. Mas malfeitos, ou feitos equivocados, como é o caso, não ajudam em nada na construção da imagem da tão necessária ‘política’.
Ao fim, sugiro maior sensibilidade aos vereadores neste momento de guerra, como tiveram ao prometer R$ 2 milhões do Orçamento da Câmara para a Prefeitura, e tratei pela última vez em 500 mil da Câmara já estão na conta da Prefeitura para crise do coronavírus; só falta revogar o aumento.
Para não perder a oportunidade, apelo novamente a Jesus: revoga o aumento nos salários!
Olha a notícia de Santo Augusto, que dá GaúchaZH, sobre político que também pensaram no próprio bolso em meio à crise do coronavírus: Justiça afasta vereadores que aprovaram aumento nos salários em sessão secreta nas Missões.
Quando registrar os votos, divulgo.