Viamão em bandeira preta: Prefeitura discute ações para enfrentar aumento da transmissão da COVID-19; 93% dos leitos do hospital estão ocupados

Com recorde de bandeiras pretas, RS tem 68% da população sob risco máximo no mapa preliminar da 42ª rodada do distanciamento controlado

Um dia após o governo do Estado decretar bandeira preta para 11 regiões, a Prefeitura de Viamão demonstra preocupação com o avanço da Covid 19 em Viamão. O município terá que se adaptar às regras como a suspensão de todas as atividades no Rio Grande do Sul no período das 10h às 5h, diariamente. Além disso, a lotação da UTI do hospital local preocupa.

A atualização das internações divulgada neste sábado (20) pelo governo gaúcho aponta ocupação de 93,3% dos leitos de UTI adulto do Hospital Viamão: hoje estão disponíveis apenas duas vagas. Não existem leitos Covid-19 fora da UTI adulto: a casa de Saúde tem 17 pacientes internados – cinco além da capacidade (141,7%). Dos 25 respiradores existentes, 13 estão em uso (43,3%).

 

 

A ocupação de leitos nunca esteve abaixo de 85% em fevereiro. E jamais foi inferior a 90% nos últimos cinco dias.

 

 

Valdir Bonatto manifestou preocupação com a situação crítica da pandemia. Nesta manhã, o prefeito esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no Hospital Viamão. Segundo a assessoria de Comunicação, o chefe do Poder Executivo conferiu as condições das instalações.

Junto com uma equipe técnica, o prefeito está discutindo alternativas para a superlotação e medidas durante a vigência da bandeira preta.

Em sua rede social, Bonatto comentou a situação local e enviou mensagem pedindo a colaboração da população:

"Percebemos com extrema preocupação o avanço no número de atendimentos, principalmente após o feriado de carnaval, sobrecarregando o sistema de saúde. Hoje estive na UPA e no Hospital de Viamão dialogando com os gestores, estudando alternativas e traçando cenários. Estamos em contato permanente com o Governo do Estado e com as prefeituras da nossa região para, em conjunto, definirmos o melhor caminho para superar este momento.

Porém, o mais importante é que cada um faça a sua parte, se cuidando e preservando também a vida de outras pessoas. Somente com a colaboração e a conscientização da população poderemos sair mais rápido da bandeira preta. Se puder fique em casa. Use máscara e álcool em gel. Estamos em (SIC) guera contra um inimigo invisível e somente juntos poderemos vencer."

 

Prefeito conferiu instalações da UPA. Na imagem, os dois leitos usados para a entubação de pacientes COVID-19 que aguardam remoção para o Hospital Viamão; Até ontem, ambos estavam ocupados | Imagem: Divulgação/PMV

 

Números de uma Guerra

 

Os dados das secretarias da Saúde do Estado e do município sobre o coronavírus indicam que Viamão tem 5.174 casos confirmados de COVID-19 e 284 até a sexta-feira (19). 4.762 são consideradas recuperadas para a doença. 109 estão em isolamento domiciliar.

O Rio Grande do Sul tem 602.668 registros positivos da doença, com 11.753 mortos. Pelo menos 17.688 pacientes ainda têm o vírus ativo e permanecem em tratamento.

No Brasil, 10.081.676 adoeceram em decorrência do coronavírus desde o início de 2020, sendo 807,752 ainda em acompanhamento pelas autoridades de Saúde. O país soma 244.765 óbitos nesta pandemia.

 

Placar da vacina

 

5.925 vacinados

351 idosos em instituições;

3.269 profissionais de Saúde;

151 Indígenas;

238 pessoas com deficiência institucionalizadas;

1.916 em vacinação domiciliar (idosos acamados, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência acamadas).

 

Opino:

 

Antes de passar a visão do governo do Estado e de detalhes do que muda com a bandeira preta, divido algumas percepções: não resta opção diferente à Prefeitura do que entrar forte para frear o avanço do coronavírus. Valdir Bonatto já entendeu a gravidade do quadro e nos bastidores já discute medidas "amargas", porém necessárias.

No gabinete se fala em "guerra contra o vírus".

Com isso quero dizer que o comércio fechará novamente. Vamos voltar aos moldes de junho, julho do ano passado. Ainda não é oficial, mas agora é só questão de tempo.

Não há o que reclamar. A população, os comerciantes, os empresários, os gestores locais… todos desdenham da pandemia. Via de regra o povo aglomera, não se protege, curtiu o carnaval como se não houvesse amanhã – e para alguns não haverá, infelizmente.

Agora é pagar a conta, que está vindo alta.

 

 

Regiões em bandeira preta no Distanciamento Controlado: veja o que muda

 

O RS atingiu um patamar de avanço em todos os indicadores monitorados pelo modelo de Distanciamento Controlado ainda não visto desde o início da pandemia de coronavírus. O mapa preliminar da 42ª rodada, divulgado nesta sexta-feira (19/2), trouxe 11 regiões em bandeira preta, que significa nível altíssimo, o mais crítico no que diz respeito à velocidade de transmissão da doença e capacidade hospitalar.

As regiões de Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Erechim, Lajeado, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e Taquara foram classificadas em bandeira preta. As outras dez regiões Covid estão em bandeira vermelha.

Por conta da subnotificação já esperada por parte dos hospitais em períodos de feriado prolongado, como o Carnaval, o Gabinete de Crise optou por utilizar os mesmos dados de hospitalizações registradas na semana passada.

Na rodada anterior, foram registradas 1.030 hospitalizações ante 851 desta semana, número que não condiz com o cenário dos últimos dias. Esse dado, somado aos demais indicadores atualizados, resultou em grande parte das regiões em bandeira preta.

As exceções foram Taquara e Erechim, que, com o número de internações da semana passada, ficariam classificadas em bandeira vermelha. Como houve aumento de registros nesta semana nestas duas regiões, elevando a nota das regiões para o nível da preta, o governo optou por usar os dados desta rodada.

Em Ijuí e Santa Cruz do Sul também houve aumento de registros de internações na rodada atual. Ijuí ficaria em vermelha nos dois cenários e Santa Cruz do Sul, na bandeira preta. Portanto, foram usados os dados mais atuais.

Ou seja, nas regiões que apresentaram aumento dos registros de hospitalizações confirmadas nas duas últimas semanas, se utilizou o período atual. Nas regiões que apresentaram redução dos registros devido a possíveis subnotificações, se repetiu a mensuração da semana anterior.

A intenção da bandeira preta do modelo de Distanciamento Controlado é instituir o alerta máximo e reforçar a necessidade de cumprimento dos protocolos e das regras sanitárias. Não é o mesmo que decretar lockdown, medida mais extrema que foi adotada em alguns Estados e em outros países. No entanto, diante da gravidade da situação, o governo do Estado decretou a suspensão geral das atividades entre as 22h e as 5h, de 20 de fevereiro a 1º de março (inclusive).

Os municípios que se encontram em regiões de bandeira preta e que se encaixam na Regra 0-0 (sem registro de óbito ou hospitalização de moradores nos últimos 14 dias, desde que a prefeitura crie um regulamento local) poderão adotar protocolos de bandeira vermelha.

As regiões em bandeira preta também podem aderir ao sistema de cogestão regional, no qual as associações regionais podem adotar protocolos próprios, desde que não menos rígidos do que os da cor precedente. Nesse caso, as regiões classificadas em bandeira preta podem adotar regras até as de nível de vermelha. Para isso, basta que enviem protocolos próprios adaptados à Secretaria de Articulação e Apoio aos Municípios (Saam).

 

O que muda nas regiões em bandeira preta

 

A educação infantil em creches e pré-escolas, o Ensino Fundamental, de anos iniciais e finais, o Ensino Médio e Técnico e o Ensino Superior (incluindo graduação e pós-graduação) só podem ocorrer de forma remota.

O ensino presencial é permitido, com restrições, atendimento individualizado e sob agendamento, apenas para atividades práticas essenciais para conclusão de curso de Ensino Médio Técnico concomitante e subsequente, Ensino Superior e pós-graduação da área da saúde (pesquisa, estágio curricular obrigatório, laboratórios e plantão), e Ensino Médio Técnico subsequente, Ensino Superior e pós-graduação (somente atividades práticas essenciais para conclusão de curso: pesquisa, estágio curricular obrigatório, laboratórios e plantão).

No serviço público, apenas áreas da saúde, segurança, ordem pública e atividades de fiscalização atuam com 100% das equipes. Demais serviços atuam com no máximo 25% dos trabalhadores presencialmente.

Serviços essenciais à manutenção da vida, como assistência à saúde humana e assistência social, seguem operando com 100% dos trabalhadores e atendimento presencial.

Nos serviços em geral, restaurantes (à la carte ou com prato feito) podem funcionar apenas com tele-entrega e pague e leve, e 25% da equipe de trabalhadores. Essa definição também vale para lanchonetes, lancherias e bares. Salões de cabeleireiro e barbeiro permanecem fechados, assim como serviços domésticos.

O comércio atacadista e varejista de itens essenciais, seja na rua ou em centros comerciais e shoppings, pode funcionar de forma presencial, mas com restrições.
Equipes de no máximo 25% dos trabalhadores são permitidas. O comércio de veículos, o comércio atacadista e varejista não essenciais, tanto de rua como em centros comerciais e shoppings, ficam fechados.

Cursos de dança, música, idiomas e esportes também não têm permissão para funcionar presencialmente.

No lazer, ficam proibidos de atuar parques temáticos, zoológicos, teatros, auditórios, casas de espetáculos e shows, circos, cinemas e bibliotecas. Demais tipos de eventos, seja em ambiente fechado ou aberto, não devem ocorrer.

Academias, centros de treinamento, quadras, clubes sociais e esportivos também devem permanecer fechados.

Todas as áreas comuns de lazer dos condomínios devem permanecer fechadas, incluindo academias.

Locais públicos abertos, como parques, praças, faixa de areia e mar, devem ser utilizados somente para circulação, respeitado o distanciamento interpessoal e o uso obrigatório e correto de máscaras. É proibida a permanência nesses locais.

Missas e serviços religiosos podem operar sem atendimento ao público, com 25% dos trabalhadores, para captação de áudio e vídeo das celebrações.

Bancos, lotéricas e similares podem realizar atendimento individual, sob agendamento, com 50% dos funcionários.

No transporte coletivo municipal e metropolitano de passageiros, é permitido ocupar 50% da capacidade total do veículo, com janelas abertas.

• Clique aqui e veja a comparação de protocolos entre bandeira preta e vermelha

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