Os indicadores da COVID-19 pioraram depois que Viamão recebeu “Aviso”, o primeiro dos ‘3 As’, o novo sistema de monitoramento da pandemia do Governo do Rio Grande do Sul. Tintas vermelhas demais no novo mapinha de colorir? Terrorismo midiático de urubu da Velha Capital? Não. É a ‘ideologia dos números’. Neste artigo, comparo os dados da primeira quinzena de maio e os últimos cinco dias.
Não só a Região 10, da Grande Porto Alegre, com 5%, mas todas as sete macrorregiões gaúchas registraram na última semana aumento no número de hospitalizados em leitos clínicos – o que tem como consequência a pressão nas UTIs. Em geral, o aumento nas internações em leitos clínicos é seguido de ampliação por demanda de UTIs (leitos de alta complexidade).
O boletim de aviso para Viamão e região alerta para o aumento na incidência de casos e “leve crescimento nas internações hospitalares”, uma mudança na curva que mostrava melhora no dia 15. Se na primeira quinzena a ocupação de leitos de UTI na Região 10 era de 72%, nos últimos dias subiu para 77,8%. Eram 180.603 casos da COVID-19 e hoje são 183.540. Os óbitos era 6.955 óbitos e chegam a 7.167. A taxa de mortalidade subiu de 293.6 a cada 100 mil habitantes para 302,5/100 mil.
Viamão fechou a primeira quinzena com 7.651 casos e 620 vidas perdidas. Neste dia 27 chegou a 7.909 infecções e 643 óbitos. Foram 258 casos e 23 mortes em 12 dias.
Foram 13 mortes nos últimos 5 dias (média de 2,67dia).
A média diária de 1,26 infectados e 0,6 óbitos na primeira quinzena – que era uma boa notícia frente a 9,5 casos/dia e 3,07 mortes por dia em abril, e, em março, pior mês da pandemia, 6,09 mortes a cada 24h – disparou entre os dias 16 e 27, atingindo média diária de 23.46 infectados e 1,91 mortes.
Para efeitos de comparação, janeiro e fevereiro tinham média próxima a 1,2 vidas perdidas por dia.
Reafirmo: preocupa-me por demais a previsão de Miguel Nicolelis, que alerta para uma terceira onda devido à vacinação a conta gotas – temos, com dados de hoje, apenas 14% vacinados com a primeira e segunda dose – e a chegada do ‘General Inverno’. É o mesmo cientista que chamo ‘Nostradamus da pandemia’ por, ainda em janeiro, e sob críticas de ser alarmista, ter profetizado a segunda onda.
Como Dr. Stockmann, em Um Inimigo do Povo, apelo por responsabilidade aos prefeitos que agora estão com as canetinhas de colorir mapa, e também, ou principalmente ao povo, para que a falsa sensação de normalidade não nos leve à tragédia de março.
Inegável é que o sistema ‘3 As’, que libera geral, no ‘novo normal’ tem ganho por covidiotias um outro ‘A’, de “aglomeração”.
Ao fim, apos as últimas semanas de calmaria antes da volta às aulas, recomendo a Bonatto acrescentar outro “A” ao quadro de Viamão: o de “antecipação”.
Já podem preparar os leitos.
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