Alice Chala | O tempo passa, que bom!

É maravilhosa a passagem do tempo, o modo como as coisas se ressignificam diante das situações adversas que vivemos todos os dias.Embora pouco aceita por muitos, a mudança vem com o papel de evolução em nossas vidas. Mesmo que apareça em roupagens difíceis de vestir, que bênçãos podem ser capazes de trazer e nos proporcionar.

Olhando uma foto antiga, me deparei com esse sentimento, de satisfação. Meus braços vazios, as tatuagens que fiz ainda estavam por vir e eu nem sabia. Um sorriso diferente do que esboço ainda hoje, carregando uma bagagem diferente da que carrego hoje. Que maravilha ver o tempo passar.

É urgente aprender a estender um olhar mais compreensivo ao tempo, às marcas, cicatrizes que fazem parte da nossa história. Que bom poder sorrir ao constatar que não somos mais os mesmos, porque aquelas roupas agora ficaram pequenas diante de nossa vastidão, diante daquilo que nos tornamos e daquilo que ansiamos por tornar-mos. 

Nada é tão nosso quanto o caminho que percorremos até aqui, todos os amores que passaram, as amizades que conosco estiveram, paisagens que presenciamos em agradáveis viagens. Nada é tão nosso quanto aquele sentimento doído que demorou para passar, mas que passou. Nada é tão nosso quanto aquele luto que vivemos em silêncio, aquele choro que engolimos.

A partir daí, nosso movimento deve ser de admiração por nossos próprios passos, ser quem somos toda a vida. Que coisa mais árdua e bonita de se fazer, tão implícito e tão complexo de administrar.

Em uma sociedade que almeja tanto a vida de terceiros, que possamos abraçar o nosso próprio andar, com todas as inúmeras complicações e belezas que ele nos traz. Ainda que a grama do vizinho parece sempre mais verde, por que não regar a nossa? E por que não inspirar orgulho pelo tempo que estivemos dedicando ao nosso jardim até agora?

Somos mesmo tudo o que o tempo fez de nós, mais do que isso, somos aquilo que fizemos com esse tempo que a vida tem nos dado. Vida que continua graciosa, em meio a intempéries que esforçamo-nos para contornar com resiliência. Tantas histórias e tatuagens, um saber muito único que vive dentro de cada um de nós, e que se transforma todos os dias. Ve? Hoje já não sou mais a mesma de ontem, e quanta coisa já se passou nesse meio tempo.
Com carinho, Alice.

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