Sessão de quinta andava bem até que, diante da chegada dos professores, trabalhos foram encerrados sem votação
ATUALIZADA | A Assembleia do 22º Núcleo do Cpers — o Sindicato dos Professores Estaduais — foi em Viamão este ano. Na Escola Setembrina, para ser mais preciso. A caminhada dos professores pelo Centro, na quinta, por volta das 17h, que muitos viram e poucos sabiam porquê, era a saída da reunião que decidiu manter o estado de greve diante de mais um parcelamento de salários do governo Sartori.
O caso curioso, no entanto, veio depois.
Parte dos professores resolveu ir até à Câmara levar aos vereadores a conhecimento dos parlamentares o estado de greve, as escolas que param e a mobilização da categoria. Chegaram lá e só não deram de cara na porta porque o prédio ainda estava aberto.
— A sessão foi encerrada assim que se ouviu que os professores estavam chegando — conta o vereador Guto Lopes (PSol), líder da Oposição.
— Não votamos nada ontem.
Uma das diretoras do 22º Núcleo, Viviane Rocha, conta que os professores pediriam a palavra ao presidente Xandão Gomes e proporiam um repúdio público ao governo Sartori pelo modo como vem tratando a categoria em sua gestão.
— Além do parcelamento dos salários, faltam professores. Na Tolentino Maia, minha escola, tem uma turma de 2º ano no Ensino Médio sem aulas de Português desde março — afirma.
A Câmara acabou não ouvindo nada — pelo menos não oficialmente.
Guto, Rodrigo Pox (PDT) e Adão Pretto Filho (PT) improvisaram uma audiência no corredor da plateia e ouviram em nome da Oposição o que os professores tinham a dizer.
— Encaramos a atitude da Câmara como um desrespeito à categoria. Recolheram até os microfones para que nós não nos manifestássemos — diz a professora Viviane.
Tribuna sim, baderna não
O presidente da Câmara, Xandão Gomes, disse há pouco para o Diário que encerrou a sessão antes do tempo, ontem, por ter percebido que a situação poderia fugir do controle.
— Os professores vinham com apitos, fazendo barulho. Atrapalha a condução dos trabalhos. Aí não dá.
Ele diz que a Câmara está e sempre estará aberta à manifestação dos professores — mas que não deixará que o respeito se perca.
— Sem badernas na Câmara. Eles têm todo o direito de protestar, mas deveriam ir lá no governo do Estado.
Xandão sugere que um ofício do Cpers peça o espaço da tribuna popular.
— Aí eles podem ir lá e usar a palavra meia hora, uma hora se quiserem. Mas atrapalhando os trabalhos, não.