Parem com essa destruição da reputação dos professores no Grande Tribunal das Redes Sociais, seus cafajestes! É um suicídio geracional. Pendurem-se no corno que quiserem da ferradura ideológica, mas não a calcem e a em seus rebentos.
Não projetem em seus mestres seus fracassos, ou de seus filhos, sejam por objetivos não conquistados por você, ou por eles, devido a fraquezas pessoais, ou por circunstâncias como o Zeitgeist, o ‘espírito do tempo’, que permite a alguns ‘meritocracia’ maior que os outros.
Vocês não precisam concordar com uma deflagração de ‘greve sanitária’ ou ‘pelo bolso’. Não é isso. Vocês podem usar o argumento de que um médico, um motorista de ônibus, uma caixa de super ou um gari – ou mesmo você, que poderia puxar a revolta com o patrão, caso pudesse – estão trabalhando. É simplista, reducionista, mas é argumento.
Vocês podem criticar professores por buscarem 25% de reposição em perdas salariais na última década, frente à inflação, ou se posicionarem contra uma reforma da previdência que aumenta o tempo de contribuição e taxa aposentados, e entender que os professores tem uma vantagem que poucos hoje tem, que é a estabilidade de emprego – mesmo que os ‘privilegiados’ tenham passado em concurso público e não possam ser demitidos na pandemia ou nunca.
Vocês podem usar a decisão judicial de hoje, na qual a juíza de Porto Alegre não mais suspendeu a volta às aulas presenciais, porque a ação julgada anteriormente se referia à bandeira preta, e hoje estamos em bandeira vermelha, mesmo que por motivos que tratei em artigos como Leite vai brincar de colorir mapinha? Viamão e o resto da Grande Porto Alegre querem bandeira vermelha por decreto ou A novilíngua de Leite: Viamão já tem data para volta às aulas presenciais; ’Governador samba na cara da Justiça’.
Vocês podem até criticar a mobilização dos professores, que iniciaram em Viamão uma paralisação parcial de três dias na rede municipal (esvaziada, é verdade, pelos fura-greve), embora o Cpers não tenha feito o mesmo em relação às escolas estaduais.
O que vocês não podem fazer impunemente, não frente a mim, mesmo em minha insignificância, é dizer, nas redes ou seja onde for, que os professores não estão trabalhando neste ano de pandemia!
É uma mentira cruel, um argumento de quem não tem filhos ou familiares estudando remotamente e, por vezes, sendo atendidos por seus mestres às 8h, às 12h, ou às 23h.
Na forma remota, ou mesmo híbrida, como funciona desde ontem, os professores estão trabalhando mais, mesmo que seja óbvio, para familiares ou para a Unesco, que o aprendizado tem deficiências.
Os professores preparam aulas e elas são transmitidas do jeito que dá, seja por folhinhas impressas entregues nas escolas, ou pela internet, conforme o acesso que tem ricos, remediados ou pobres.
Sem saber, a Câmara de Vereadores experimenta o que muitos professores sofrem diariamente. Ao realizar sessões híbridas, com vereadores em gabinetes e também em casa, há espaço para erros técnicos – e também para a população dizer que os Edis não trabalham. E isso tão somente por estarem fora do plenário.
Sabiam os parlamentares que, por vezes, isso acontece com quem dá aulas remotas e, quase sempre, usando de seu próprio plano de internet?
Por aqui, o Poder Executivo pratica o discurso oficial e seus releases de que a palavra do dia é "felicidade". Teve até a frase padrão repetida sem vergonha pelos colegas da imprensa em todo o país: "todos os protocolos contra o coronavírus estão sendo adotados".
Como bem lembra o jornalista Cristiano Abreu, "quem dera existisse vontade política em vacinar os professores".
Reproduzo a divulgação da Prefeitura:
A PALAVRA É FELICIDADE!
Felicidade é o sentimento que resume a manhã de hoje! Felicidade no rosto das crianças. Felicidade no rosto dos professores e de todas as pessoas que fazem parte das escolas.
A volta às aulas presenciais na educação infantil trouxe vida às salas de aula. Amanhã, quinta-feira (6) voltam às aulas presenciais os estudantes do 1º ano. E, na sexta-feira, dia 7, será a vez dos alunos do 2º ano.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), as escolas estão adotando todas (SIC) os protocolos de sanitização e cuidados preventivos contra o Coronavírus.
Ao fim, lembrou-me uma do Millôr, sobre o “brasileiro cordial”:
– O brasileiro é cheio de cordialidade e bom coração. Quando você encontrar por aí um cafajeste roubando e matando pode perguntar imediatamente “Who are you?”, porque se trata certamente de um gringo.
Respeitem os professores, cafajestes!
*Colaborou Cristiano Abreu
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