Pois é, infelizmente a campanha eleitoral para 2020 começou como eu imaginava que seria, muito pobre em termos de plataformas e ideias. Parece mais é que os políticos estão muito mais buscando uma carreira que garanta os benefícios ligados aos cargos, no caso de vereador e prefeito. Digo isso porque tenho recebido, desde ontem, uma enormidade de material ligado às candidaturas das mais diferentes siglas, e tudo que vejo são sorrisos vazios e trocadilhos rasos para tentar garantir o voto de algum desavisado.
Olha, e precisa ser muito desavisado…
Vivemos em um mundo globalizado onde a informação circula com a velocidade da luz, e mesmo assim os candidatos acham que belas fotos e frases feitas lhe renderão votos, praticando uma antiga rotina política. “Seja vazio, mas seja meu amigo”. E assim vamos. Em um planeta conturbado onde existem diversas pautas universais como o racismo, meio ambiente, ética na política e etc… o que vejo são candidatos desconectados do mundo. Tratando de temas de extrema importância do mesmo modo como tratam um jingle de rádio ou televisão.
A classe política, junto com seus partidos inconfiáveis, já afundou há muito tempo no imaginário oceano moral do brasileiro. São pouquíssimos os partidos que não se veem envolvidos em corrupção nos seus mais diversos níveis. A população brasileira está órfã de lideranças e esse aspecto se reflete nas chapas e candidaturas. Acredito que quando os candidatos a vereador e prefeito sequer conseguem demonstrar conhecimento e alinhamento com as tendências mundiais é porque não têm preparo para assumir esse tipo de cargo.
Meu Facebook está sendo bombardeado de fotos e números, mas muitas poucas propostas concretas sobre temas importantes para o desenvolvimento das populações dos mais diversos municípios. Muita "simpatia", muito “lero”, muita religião, muito “deus acima de tudo” e pouco realismo. Quando o brasileiro consagrou a classe do "político de carreira", tornando a política uma profissão, implodiu sua democracia. Sim, porque aqueles que assumem seus cargos têm deixado poucos legados para suas cidades e seus nichos eleitorais. E ainda assim são reeleitos com facilidade.
Engajamento é outro artigo em falta no mercado. Temas como educação, saúde, coleta de lixo, entre outros são periféricos. A luta por meio das manifestações parece ter saído do repertório do eleitor que apenas tenta se livrar dos velhos lobos que aviltam os cofres públicos há tantos anos, sendo assim, vota no “amigo do amigo”. Aquele que poderá garantir um Cargo de Confiança ao final do pleito. Quer aquela ajuda a respeito de seu problema particular. “Me ajuda a te ajudar”, é a regra do jogo. Ou quem sabe o velho “rouba, mas faz”. Quem sabe…
Estava aguardando campanhas fortes com posicionamentos corajosos, mas não é o que vejo. Os cargos de prefeito e vereador estão sendo tratados muito antes como a garantia de uma “boa aposentadoria” do que como uma luta por ideais que possam elevar a qualidade de vida dos munícipes. Pouca ideia e muita ideologia é com isso que devemos nos contentar. O cardápio é limitado e nada indica que o panorama vai mudar.
Esquerda contra direita, bolsanaristas contra petistas, cristãos contra “não sei o quê”. Esse deverá ser o clima daquilo que nomeamos como “eleição direta”. Espero que o decorrer da disputa seja marcado por um posicionamento mais confiável e maduro daqueles que pleiteiam a vaga nas Câmaras de Vereadores e principalmente para as prefeituras de nosso Rio Grande do Sul tão suburbano. Esse Rio Grande do Sul de nossas ruas esburacadas e nosso esgoto a céu aberto. Olhe sua cidade e veja o quanto ela involuiu desde que você começou a votar. Olhe bem. Você eleitor que atravessa as ruas sem sinalização e pouca iluminação é o personagem central desse palco. Basta começar a atuar de forma a melhorar o cenário onde sua vida e de seus filhos se desenvolverão. Coloque o lixo no lixo, e não em cargos públicos.