Crise do coronavírus – um ano de agonia: números de uma guerra

Na segunda-feira (22), o Brasil chegou a 12.047.526 casos confirmados de COVID-19. E conforme dados do Ministério da Saúde, 295.425 pessoas não sobreviveram. É como se a toda a população de Viamão e mais 1/5 da vizinha Alvorada tivessem sido dizimadas nos últimos 12 meses. Nesta semana em que a pandemia completa um ano na Velha Capital, e com o vírus ainda mais agressivo, série esepecial do Diário de Viamão detalha números e conversa com profissionais da Saúde sobre a realidade local. E todos são unânimes: só venceremos a maior tragédia vivida por nossa geração com responsabilidade coletiva e com a vacinação em massa.

No dia 17 de março, 362 dias após o primeiro caso identificado em Viamão, o município superou a preocupante marca de 400 mortes. Três dias depois (20), quando o saldo local da pandemia alcançou os 6.339 infectados, o prefeito Valdir Bonatto se somava ao grupo de políticos que apoiavam o recurso do governo do Estado contra a liminar que derrubava a inexplicável flexibilização das atividades econômicas. Neste domingo (21), quando os prefeitos festejavam a volta da cogestão, duas crianças menores de um ano – sendo uma delas uma menininha hospitalizada – lutavam para vencer o coronavírus.

Os exemplos acima são apenas dois extraídos entre os 433 habitantes de Viamão que estão atualmente convalesacendo. Desse total, de acordo com a secretaria da Saúde do RS, 131 estão hospitalizados – boa parte em situação crítica.

Em um ano de crise aqui no município, a COVID-19 não poupou ninguém que tenha cruzado seu caminho. A cidade perdeu seu prefeito em exercício e outras lideranças políticas locais, gente conhecida e uma vasta maioria feita de pessoas humildes, trabalhadoras e trabalhadores de diferentes idades. E mesmo os 5,5 mil já recuperados carregam as marcas deixadas pela doença.
Algumas delas para sempre.

São avôs, pais, filhos, colegas, amigos, vizinhos… nomes, rostos e histórias ocultas pelo anonimato. Pacientes, médicos, enfermeiros, familiares… cada um com sua vivência. Dramas de partidas que jamais serão superadas, palavras de despedida e de reencontro que nunca saberemos terem sido pronunciadas.

Dito isso, por questão de justiça, a obrigação de quem não foi infectado é acordar para o fato de que a vida é extremamente frágil. Já passou da hora de a coletividade agir com empatia, de respeitar o choro das centenas de famílias devastadas, de não desperdiçar o esforço de quem se arrisca nos hospitais em nome da vida alheia, e evitar que a dor se espalhe ainda mais.

Estamos adoecendo como nunca;
Estamos morrendo feito nunca;
Estamos sofrendo como até aqui não havia acontecido;
Muitos de nós seguem egoístas como sempre;

É hora de acordarmos!

 

Números de uma guerra

 

Contágio:*

6.339 infectados entre 20 de março do ano passado até 17/03/2021*

433 pacientes em acompanhamento

5,5 mil recuperados

 

Infecções por COVID-19 em 2020 – por mês de ocorrência:

 

MARÇO: 4 casos

ABRIL: 19

MAIO: 51

JUNHO: 282

JULHO: 791

AGOSTO: 641

SETEMBRO: 540

OUTUBRO: 640

NOVEMBRO: 845

DEZEMBRO: 781

 

TOTAL – 4.594 (corresponde a 62,02% do total de casos)

 

Infecções por COVID-19 em 2021 – por mês de ocorrência:

 

JANEIRO: 442

FEVEREIRO: 617

MARÇO:* 686

 

TOTAL – 1.745 (37,98% dos casos)

 

*De acordo com data de confirmação dos casos mais recentes.

 

 

Vidas perdidas:

 

195 mulheres

205 homens

 

TOTAL: 400 mortos

 

241 óbitos entre 11/05/2020 e 31/12/2020 – 234 dias (média 1,03/dia)

159 entre 1º/01/2021 e 20/03/2021 – 78 dias (média 2,04/dia)

Em dois meses e meio deste ano, atingimos 65,98% das mortes de 2020 (maio a dezembro).

 

Óbitos por COVID-19 em 2020 – por mês de ocorrência e média diária:

 

MARÇO: 0

ABRIL: 0

MAIO: 5 mortes – (0,16/dia)

JUNHO: 10 – (0,33/dia)

JULHO: 64 – (2,06/dia)

AGOSTO: 51 – (1,65/dia)

SETEMBRO: 19 – (0,63/dia)

OUTUBRO: 34 – (1,09/dia)

NOVEMBRO: 22 – (0,73/dia)

DEZEMBRO: 36 – (1,16/dia)

 

TOTAL – 241 (corresponde a 60,25% do total de mortes)

 

Óbitos por COVID-19 em 2021 – por mês de ocorrência e média diária:

 

JANEIRO: 29 mortes – (0,94/dia)

FEVEREIRO: 36 – (1,28/dia)

MARÇO: 94 mortes – (4,48/dia)

 

TOTAL – 159 (39,75% do total de óbitos)

 

 

Velocidade do contágio:

 

20/3 – 1

06/6 – 102 (transcorridos 78 dias do início da pandemia)

18/6 – 201 (12 dias)

08/7 – 516 (20 dias)

27/7 – 1.030 (19 dias)

14/9 – 2.015 (49 dias)

07/12 – 4.012 (84 dias)

31/1/21 – 5.036 (55 dias)

28/2/21 – 5.653 (28 dias)

20/3/2021 – 6.339 (20 dias)

 

 

Infectados entre 20/03/2020 e 20/03/2021:

 

3.118 homens

3.221 mulheres – 27 gestantes (23 recuperadas, três em tratamento e uma morreu)

Entre os 6.339 doentes desde o início da pandemia, 229 são profissionais da Saúde (174 mulheres, 55 homens). Desses, 227 estão recuperados e dois anda permanecem em acompanhamento médico.

 

 

Hospitalizações:

 

517 mulheres

575 homens

TOTAL: 1.092

 

Perfil dos infectados por faixa etária:

 

 

Menores de um ano:

21 doentes – 8 casos registrados em 2021

2 em tratamento, sendo uma bebê hospitalizada desde o fim de fevereiro e um bebê desde 1º de março

8 hospitalizações

Nenhum óbito registrado

 

1 a 4 anos:

45 doentes – 15 em 2021

3 em recuperação

7 hospitalizações

Nenhum óbito registrado

 

5 a 9 anos:

57 doentes – 20 em 2021

5 em acompanhamento

2 hospitalizações

Nenhum óbito registrado

 

10 a 14 anos:

76 doentes – 18 em 2021

1 em recuperação

Nenhum caso de hospitalização

Nenhum óbito registrado

 

15 a 19 anos:

216 doentes – 72 em 2021

23 em acompanhamento

2 hospitalizações

Uma jovem faleceu no dia 9 de março

 

20 a 29 anos:

1.124 doentes – 279 em 2021

57 em acompanhamento

43 hospitalizações

7 óbitos (6 homens, uma mulher)

 

30 a 39 anos:

1.422 doentes – 390 em 2021

90 em tratamento

83 hospitalizações

12 óbitos (7 mulheres, 5 homens)

 

40 a 49 anos:

1.279 doentes – 341 em 2021

110 monitorados pelos médicos

159 hospitalizações

28 óbitos (16 homens, 12 mulheres)

 

50 a 59 anos:

957 doentes – 249 em 2021

54 em recuperação

206 hospitalizações

50 óbitos (25 mulheres, 25 homens)

 

60 a 69 anos:

592 doentes – 173 em 2021

49 em recuperação

162 hospitalizações

97 óbitos (49 homens, 48 mulheres)

 

70 a 79 anos:

334 doentes – 116 em 2021

29 em acompanhamento

257 hospitalizações

98 óbitos (54 homens, 44 mulheres)

 

80 anos e mais:

216 doentes – 64 em 2021

10 em acompanhamento

142 hospitalizações

107 óbitos (57 mulheres, 50 homens)

 

 

 

Casos e óbitos por etnia:

 

Amarela 91 (1 morte)

Parda 253 (21 mortes)

Preta 470 (29 mortes)

Indígenas 20 doentes (10 Guaranis, um Tupi e nove não informados) – sem mortes registradas

Branca 3.891 (222 mortes)

Não informada: 1.614 (127 mortes)

 

Na sequência: UTIs lotadas e a falta de anestésicos para a intubação de pacientes: o drama de quem luta pela vida no Hospital Viamão.

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