A política é marcada por ação e reação, tal lei da Física. Ao menor impulso, o estado de repouso é encerrado. Faltando poucos dias para o fim do prazo dado pelo Ministério Público para o afastamento do prefeito André Pacheco, procurador, secretários e um vereador em função da Operação Capital, as peças movimentam-se no tabuleiro. E a inércia quebrada por Rafael Bortoletti ao conceder entrevista à coluna nesta semana (13) fez o ex-vereador e secretário Éderson Machado, o Dédo, reagir.
Conteúdo é o que não falta. Por mais de hora, falou ao Diário de Viamão sobre a série de vídeos feita por Bortoletti. Rebateu com minúcia ponto por ponto discordante, remontou os meses que antecederam e sucederam a crise que deu origem ao escândalo político conhecido como a "Lava Jato" de Viamão. E além de defender-se, citou nomes, adjetivou adversários e afirma não ter dúvida sobre volta de Pacheco ao cargo.
Confira:
Diário de Viamão – Por que o Rafael cita teu nome e te aponta como mentor do André?
Dédo Machdo – Primeiro, eu não sei porque ele me cita como mentor do André Pacheco. Eu iniciei esta caminhada junto ao prefeito em tempo posterior a estes episódios… lá do início, o André Pacheco foi vice-prefeito na chapa junto com o Bonatto (Valdir, ex-prefeito de Viamão pelo PSDB), eu não estava na chapa com eles, não compunha com eles nenhum acordo político. Eu tenho na minha trajetória política três mandatos de vereador, dois de presidente da Câmara de Viamão, fui diretor-geral da Secretaria de Obras do Estado do Rio Grande do Sul, do governo Tarso Genro, todos pelo PT. Eu não tinha nenhuma aproximação com eles no campo político.
DV – Como se deu a tua aproximação da gestão André Pacheco?
Dédo – Me aproximei do prefeito André Pacheco por ele ser meu amigo há muito tempo. O André saiu candidato a prefeito num episódio em que eu saí candidato a prefeito numa ruptura muito dura com o PT, depois de muitos anos de militância e de mandato pelo PT. Resolvi sair (do partido) por não ter espaço de construção política. Foi candidato a prefeito pelo PDT e o André foi candidato a prefeito, coordenado por um amplo leque de coalizão política produzidas pelo prefeito Bonatto, que faz o seu sucessor, o seu vice (Pacheco) na oportunidade.
Posterior a esse episódio (processo eleitoral), eu fui convidado pelo prefeito André Pacheco para compor o seu governo. Aceitei ser secretário por 37 dias. Aceitei porque eu quis e pedi demissão porque eu quis. Fui tocar a vida. Depois de um tempo, o prefeito me faz um convite para retornar, avaliei que era momento de retornar e produzir política com o prefeito, o qual estava, digamos assim, em lua de mel com seu antecessor, Bonatto. Aceitei vir para próximo do André Pacheco e compor com ele (André) uma direção executiva na Granpal, que é o consórcio das prefeituras da Grande Porto Alegre, onde estava acertado que ele (André) seria o presidente no segundo ano (2018).
Eu aceitei o convite por se tratar de um projeto macro, para a Região Metropolitana, onde poderiam ser desenvolvidos projetos importantes na Granpal. Como discussão da mobilidade urbana… toda essa tranqueira do trânsito pela manhã, ela é fruto da não discussão de um plano de mobilidade… discutir a Saúde da região.
Diário de Viamão: Foi um mandato de um ano…
Mandato de um ano na Granpal. Nesse meio tempo, o prefeito André Pacheco vinha demonstrando insatisfação com o modelo de gestão da Prefeitura, a qual nunca tive ingerência nenhuma sobre o município neste período em que o André governou a cidade por dois anos com o secretário Geral de Governo e chefe de Gabinete Rafael Bortoletti.
Diário de Viamão: Aí vem a campanha eleitoral…
Neste episódio, tocamos a campanha do governador Eduardo Leite (PSDB), aonde, no tocante ao André, ele foi o coordenador da campanha, intitulado pelo ex-prefeito Bonatto, no Vale do Gravataí. Como o prefeito André não pode se ausentar de seu mandato no município, não se licenciou, eu fui o coordenador adjunto na campanha, sob o comando do Bonatto. E eu relatava permanentemente pro (ex) prefeito Bonatto que tinha algo no ar, e eu não conseguia enxergar o que estava acontecendo na relação André e Bonatto, André Pacheco e Rafael. Cheguei a relatar para ele (Bonatto) que se fazia necessário o quanto antes uma reunião…
DV – Por quê?
Dédo – Porque como eu não fiz parte dessa organização partidária, de relação política estabelecida por eles, eu queria entender por que, no meu ponto de vista e pela experiência política que tenho, estava essa ruptura anunciada que poderia acontecer ali a frente. Foi quando o Bonatto me chamou e disse que era pra eu focar na campanha do Eduardo e que isso nada mais era que um barulho político. Posterior a isso, vencemos a eleição, apara-se as arestas e fala-se que o Eduardo Leite iria compor o seu governo com o Bonatto, o que não avançou. Foi onde se direcionou esse racha, o Bonatto voltaria a ser o candidato a prefeito em 2020. O que eu sei é que havia um acordo entre o André e o Bonatto.
DV – Que acordo?
O Bonatto seria prefeito por quatro anos e ficaria com o controle político do governo do André nos dois anos seguintes, e o André iria à reeleição, mas que para isso teria que sair do MBD, no qual foi vice, e migrar para o PSDB. Esse era o plano. Então, como eu posso ser colocado como mentor, articulador político do André Pacheco neste momento de ruptura deles? Eu nunca fiz parte de nenhuma reunião com o prefeito André, com o prefeito Bonatto, e nenhuma reunião com o chefe de Gabinete Rafael Bortoletti a respeito das conjunturas políticas que estavam se estabelecendo. Prova disso é que muitas vezes o André Pacheco era tachado no meio político de um prefeito que era comandado pelo Bonatto e pelo chefe de Gabinete e ex-secretário Rafael.
DV – Neste momento o André fala?
Dédo – Esta ruptura, no momento oportuno o prefeito André Pacheco, com certeza, dará todos os esclarecimentos. Até o momento o André não deu nenhuma entrevista, baseado em seus advogados. Ele tem a orientação de primeiro sair desse emaranhado ao qual foi colocado. Mas no aspecto político, eu não tive influência nenhuma sobre o prefeito, sobre essa decisão dele de ruptura. Tanto é que por diversas vezes eu busquei junto ao Bonatto, junto ao Rafael, junto ao engenheiro Nilton Magalhães, junto ao Geraldinho, que seriam as figuras mais envolvidas, digamos assim, em resolver esse imbróglio. Tanto é que eu nunca tive êxito em saber.
DV – Não conseguiu identificar?
Dédo – Fiquei sem saber o argumento dessa ruptura. Esse é o primeiro momento de ruptura. O segundo fato, e me causa estranheza, o prefeito André Pacheco, quando faz a ruptura, ele exonera seu chefe de Gabinete (Rafael) e há, digamos assim, um movimento entre os outros secretários em ser solidários em sair do governo… onde eu nunca vi um fato político pelo prefeito eleito, que tem na sua legitimidade em indicar o seu chefe de gabinete… se tu não se sente confortável, a exoneração é o mínimo que garante o direito do prefeito de exercer a escolha dos seus… da onde que saiu essas enormidade de denúncias, onde eu fui pego de surpresa também. Há documentos em que o prefeito André Pacheco faz a denúncia contra os seus secretários, o prefeito faz uma ata notarial sobre esses episódios e registra aquilo que depois o Rafael faz denúncia.
Então, me causa estranheza é que nessa briga política deles vêm à tona algumas coisas sem muito conteúdo técnico, jurídico. Mas o prefeito, além de fazer essa ata, ele encaminha ao Ministério Público, ele faz uma denúncia da delegacia e vai à Câmara de Vereadores pedir que se abra uma CPI sobre esses episódios. Aí há uma denúncia do Rafael Bortoletti na Quarta Câmara (Cível do Tribunal de Justiça, responsável por julgar processos envolvendo prefeitos) dos mesmos fatos que estão na ata notarial. O prefeito André Pacheco, digamos assim, de denunciante, passa a ser o denunciado, o investigado.
DV – E tu estavas na Granpal?
Dédo – Entre o período entre a ruptura e o afastamento do André se dá um ano e um mês. Eu fiquei seis meses na Granpal, mesmo com a ruptura. Eu não quis sair par ser secretário, mesmo com o convite (de Pacheco) Não viria para Viamão nessa briga política toda. Quando terminava o mandato do prefeito na Granpal, se deram muitos desdobramentos na Câmara, na delegacia, no Ministério Público… eu saí da Granpal e fiquei dois meses fora de qualquer atividade política na cidade e acompanhando esses episódios que estavam acontecendo. Tentando costurar para entender, tanto é que fiz várias reuniões com o Bortoletti no escritório do Geraldinho (Filho, na época no PSDB), junto com o Nilton Magalhães, com o Geraldinho, para perguntar o que estava acontecendo. Mas no campo político, porque no jurídico, dentro das denúncias, eu não era a melhor pessoa, porque não estive dentro do processo na Prefeitura.
DV – E conseguiu?
Dédo – Não. Não logrei êxito em tentar essa conciliação, em deixar que essa política se resolva. É muito triste para a cidade de Viamão, onde vêm denúncias que não se tem clareza do que está sendo denunciado. Em junho (2019), o prefeito André Pacheco me convida para ser secretário da Saúde, disse que não aceitaria, mas na Obras eu não via dificuldade. Foi onde ele disse: “tu fica na Obras e ajuda dentro do governo como um todo”. Eu disse que não tem legitimidade um secretário de Obras se meter nas outras pastas. Então ele me convidou para ser secretário Geral de Governo e ficar próximo de seu gabinete e enxergar os problemas de gestão nas cinco pastas dos secretários afastados (Geral de Governo, Saúde, Agricultura, Assistência Social Desenvolvimento). Onde que se deu o maior imbróglio? Na secretaria da Saúde.
DV – Por quê?
Dédo – A secretaria ocasionou as denúncias. O próprio o prefeito relata na ata notarial os problemas graves de gestão na Saúde. Foi onde tanto eu quanto o procurador do município (Jair Mesquita, também afastado pela Operação Capital) e o prefeito estivessem de forma permanente tentando resolver os problemas. Continuaram os problemas.
DV – E foram resolvidos?
Dédo – Tem relatos, tanto no episódio na delegacia, de problemas de curso… não vou dizer de desvio de conduta, mas de ordem técnica, de condução. O Tribunal de Contas apontava algumas inconformidades na Saúde, que ocasionou inclusive uma determinação do prefeito André Pacheco de fazer uma ruptura com a empresa que lá estava e não pagar, glosar valores. São R$ 12.410.000,00. Isso tudo foi feito, é fruto de gestão anterior a que eu participei. Não tem uma assinatura minha em nenhum contrato de licitação feito lá. Não tem uma participação minha… nada! O que foi pego em gravação minha como secretário, já depois de seis meses, com o secretário da Saúde Carlito Nicolait (também afastado pela Operação Capital) é que eu chamava o Carlito para dar umas orientações, que era ordem e comando do prefeito André Pacheco, para conduzir e executar o que o Tribunal de Contas apontou. Glosar e depois rediscutir isso no futuro, se a Organização Social (empresa contratada pelo município) tivesse êxito no pleito de buscar o que entendia, seria algo posterior.
DV – E por que teu nome surge?
Dédo – Eu não sei por que ele (Rafael) direciona a artilharia pra cima de mim. Como eu tenho três mandatos de vereador, presidente da Câmara duas vezes, eu já sou um pouquinho calejado na política, eu entendo que criar esse impacto para cima de mim e para cima desse episódio que foi construído com o nosso afastamento… eu não estou aqui, quero deixar bem claro, que eu não estou questionando uma decisão do Ministério Público, que pediu nosso afastamento. Eu só quero o direito de tentar entender… que isso tudo aconteceu anterior à minha chegada, anterior ao Carlito chegar. Era ele (Rafael) o secretário Geral de Governo, era ele o chefe de Gabinete do Prefeito. Eu nunca tive a inserção de dizer qual era o caminho que o governo deveria exercer. Agora, posterior à minha chegada e sob o comando do prefeito André Pacheco, eu conduzi com mão de ferro para que as coisas acontecessem às claras. E doa a quem doer.
DV – Na tua visão, por que o Ministério Público afasta você, o prefeito e os outros secretários?
Dédo – O que acontece: o Ministério Público é movido pelo que chega de denúncia nele. Ele tem que fazer uma avaliação mais profunda e ele toma a decisão… certa ou errada, o Ministério Público tem que tomar uma decisão em cima de uma denúncia que chegou. Chegou uma denúncia produzida por eles. Tanto é que eu fiz, junto com o André Pacheco e seus advogados, uma série de documentos… encaminhamos ao Tribunal de contas, ao Ministério Público, encaminhamos na Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) Saúde, na Quarta Câmara, fui no Ministério Público fazer uma ata relatando os episódios e o que nós estávamos… eu tenho a ata, de 16 de setembro do ano anterior, antes da ruptura, do nosso afastamento, que foi em 12 de fevereiro (2020). O que acontece… Eu estou esperando para saber o que é… eu li a inicial do pedido do meu afastamento. É um verdadeiro absurdo. Não há nada que comprove ou que dê margem para que possam dizer que eu ou o Carlito esteja envolvido com alguma situação. Eu estou falando do Dédo e do Carlito porque nós entramos (no governo) muito depois desses episódios todos.
DV – O roteiro é longo…
Dédo – Dá uma série, como o Rafael falou que vai fazer quando deu entrevista pra ti. Mas eu não vou fazer uma série de denúncias contra ele, não cabe a mim denunciar ninguém. Até porque se tá no Ministério Público nós temos que cumprir a determinação do MP e da Justiça, que foi o nosso afastamento. Cumprir, esclarecer, e ter o amplo direito de defesa. Agora, eu vou no fato que ele relatou na entrevista. Quero rebater pontualmente o vídeo que ele produziu. Neste episódio que ele fala da empresa que tem o favorecimento do prefeito André Pacheco, eu vou encaminhar a Inicial do Ministério Público onde relata em gráfico o que diz a denúncia sobre o prefeito sobre improbidade administrativa, e Pedro Joel, secretário da Fazenda, e Sérgio Ângelo, vereador e proprietário da empresa, onde diz que o prefeito se locupletou de R$ 1,5 mil durante seis meses em que usou a conta da sua cunhada para receber R$ 35 mil. Eu quero encaminhar os contratos que provam que isso aqui foi uma comercialização… uma imobiliária virtual… foi vendido um terreno, tá aqui o contrato que comprova os R$ 35 mil. Tá aqui um contrato de locação com a empresa que… Se tu recebes, tu pagas as tuas contas. A empresa recebia (pela prestação de serviços à Prefeitura), pagava o aluguel de R$ 1,5 mil. Tanto é que não é propina que tem um valor que a empresa recebe da Prefeitura em 19 de agosto de R$ 23 mil. A empresa paga R$ 1,8 mil. No dia 7 de fevereiro a empresa recebe R$ 409 mil, aproximadamente. No dia 7 de fevereiro ela faz um depósito e paga R$ 1,5 mil a título de aluguel do imóvel que está aqui no contrato. Isso se repete. Então me causa estranheza quando ele (Rafael) relata isso. Ele usa no vídeo dele a falta de álcool em gel, isso é um problema que nós identificamos lá atrás. Usa ônibus atolado em rua esburacada. Será que um ônibus atolado é fruto da gestão do prefeito André Pacheco? No governo anterior, do qual ele fez parte, não tinha rua esburacada? Então ele usa isso pra atacar politicamente porque está faltando 18 dias para acabar, na minha avaliação, o cumprimento do nosso afastamento.
DV – O prazo acabando, e quais são os próximos passos?
Dédo – É importante salientar que tem a decisão do juiz de primeira instância que nega o afastamento. Ele sabiamente diz que é muito duro o afastamento de um prefeito eleito democraticamente. O meu advogado, que não é o mesmo dos outros (afastados) diz o seguinte: ”ação interposta, cumpra-se”. Tamo (SIC) quieto, juntando… eu tenho mais de 5,7 mil páginas de documentos. Eu não sei do que estou sendo acusado, mas fui juntando. Estou esperando para ver o resultado daquilo que vão encaminhar à Justiça. O Ministério Público não te dá o direito de defesa, quem te dá é o Judiciário. Nós queremos que essa peça chegue ao Judiciário, porque até então fomos afastados para investigação. Não há uma acusação. É um afastamento e nós acatamos sem nenhuma crítica ao Ministério Público, é bom salientar.
DV – E o que há?
Dédo – Há uma crítica política. Se nós não obstruímos a Justiça, se nós relatamos entregamos a documentação, foi o prefeito André Pacheco que entregou essa documentação lá. Tu afastas um prefeito quando ele sonega, oculta informações… Eu fiquei 90 dias numa depressão profunda dentro da minha casa. Eu me intitulei numa prisão domiciliar. Eu me dei ela. Por 90 dias não botei o nariz pra fora da minha casa com vergonha desse ato. Eu tenho uma filha de 12 anos… a RBS faz um sensacionalismo dizendo que sumiram R$ 12 milhões da Saúde. O que passa para a população? O meu medo era de ser linchado na rua por um ato moleque, irresponsável deste menino e que tem por trás dele o (ex) prefeito Bonatto, que sustenta ele com cargo e que banca advogado caro para ele fazer este ato de criminalizar as pessoas. Eu não vou sossegar até provar, primeiro a minha inocência, e depois pelos 90 dias que eu fiquei enclausurado dentro de casa. Porque eles alegavam a cada momento, pelo poderio econômico que têm, que nós seríamos presos no outro dia. E eu me perguntava como podia ser preso se não há nada contra mim, se não levaram um documento de dentro da minha casa. Mas esperei 90 dias, por orientação do meu advogado para nós entendermos o processo que eles construíram politicamente para desgastar.
DV – Qual o objetivo?
Dédo – Porque montamos um modelo de gestão em que o prefeito André iria se reeleger. Nós retomamos obras paradas, deixamos as contas da Prefeitura em dia… Não posso jogar 27 anos da minha vida pública na lata do lixo por uma irresponsabilidade de um menino que está sendo comandado. Eu tenho patrimônio político, eu tenho o respaldo popular, fui eleito sempre aumentando votação e eu não tive um cargo indicado por mim na Prefeitura em três mandatos. Quero ele e aponte quais empresas eu indiquei. Pelo que eu sei, todas as empresas que estão prestando serviço são do tempo do Ridi, do Alex, do Bonatto, eu peguei o barco andando… Ele (Rafael) voltou agora porque eu tenho ido a todos os lugares que me convidam. Eu ando com uma bolsa e o carro cheio de papel. Onde eu posso ir e desmentir, eu vou. Mas não acusando, mostrando papel e desmentindo. Eu tenho um legado. Ele não.
DV – O prefeito André Pacheco vai falar?
Dédo – Eu não falo com o André porque é uma determinação judicial. Eu não tenho orientação dos advogados dele, agora, eu estou disponível para esclarecer esse que é o pior fato da história de Viamão. Nunca aconteceu um fato com esse tamanho e desdobramentos. Lá na frente, o prefeito André Pacheco, assim que vencer o prazo do seu afastamento, ele vai falar. Não só na Justiça, eu tenho certeza… Quando a RBS diz que nós tínhamos sumido com R$ 10 milhões e eles criam uma situação de bloqueio de R$ 15 milhões dos afastados, o Ministério Público, quando entrega a primeira denúncia, pede bloqueio de R$ 345 mil, em função dos R$ 1,5, dos R$ 35 mil, mais seis meses de salários dos afastados. Os R$ 10 milhões que a RBS diz que sumiu estão nas contas da Prefeitura. Os empenhos não saíram, se os valores foram glosados. Essa pergunta eu deixo.
DV – André Pacheco reassume a Prefeitura?
Dédo – Eu não tenho dúvida que o Ministério Público, que a Justiça há de reconduzi-lo. Se não, é um golpe e fere a democracia. Nenhum prefeito é sumariamente retirado do seu posto. A não ser que este possa ser o primeiro. Porque é a primeira vez que vejo, no caso do Queiroz, a esposa dele, foragida, ter direito à prisão domiciliar sem no mínimo antes ter se apresentado. Então, a Justiça me causa estranheza. Mas tenho plena convicção da Justiça, no Ministério Público.
DV – E tu retornas ao governo?
Dédo – Não. Até porque vou ter uma tarefa nessa eleição que eu não sei se sou candidato, cabo eleitoral, se eu não vou sair fora da política.
DV – Qual o teu futuro na política?
Dédo – A minha vontade pessoal já era ter saído da política. Eu te respondo isso em 10 de agosto, que é onde finda o processo. Se findar e o André Pacheco retornar, eu vou ser um Dédo muito mais atuante na política. Se não voltar, eu vou continuar me dedicando só à Justiça. O único papel definido é que essa será a última campanha política a qual vou participar. Vou cuidar da minha vida, minha família e voltar a fazer o que sempre fiz, que é trabalhar.