Entidades se posicionam sobre os protestos programados por comerciantes

Com Viamão em Estado de Calamidade Pública, decretado na quinta-feira (26), e com o número de casos de covid-19 crescendo a cada dia em todo país, comerciantes do município têm um preocupação extra: a sobrevivência econômica. Para fazer frente a crise financeira, alguns representantes do setor organizam mobilização para a próxima segunda-feira, como forma de pressionar o município a liberar a abertura total dos estabelecimentos da cidade.

O grupo usa redes sociais para convocar comerciantes e tentar apoio da população. A proposta é realizar atos no centro da cidade no fim da manhã e no início da tarde da segunda-feira (30).

Donos de estabelecimentos comerciais ser juntarão na porta do gabinete do prefeito às 10h, horário em que está agendado um encontro de Russinho com representantes da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Viamão (ACIVI), Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindilojas. Após a reunião, o grupo realizará uma carreata.

Segundo o presidente da entidade, Luiz Pereira, a reunião foi convocada pelo prefeito. Ele discutirá com a diretoria a posição que será levada ao prefeito.

– Fizemos, anteriormente, ofícios pedindo que se reconheçam outros setores como essenciais. Mas a legislação é dúbia, comerciantes que julgam estar abertos dentro da lei estão recebendo notificações dos fiscais da prefeitura – afirma Pereira.

Pessoalmente, Luiz Pereira entende que comerciantes e prefeitura precisam harmonizar a relação. Segundo ele, ACIVI e CDL se posicionaram na semana passada pela facultatividade da abertura, o seja, abre quem quiser, mas não há consenso para a proposta no momento.

– Defendo que quem puder, que feche. Quem não puder, se oriente por regras dos órgãos de saúde. Muitos lojistas já perderam sua capacidade de sustentação. Mas deixo claro que esta é uma opinião pessoal.
 

Sem apoio oficial

Pereira esclarece que a ACIVI não está organizando, tampouco apoiando oficialmente os atos de segunda-feira, justamente pelo risco de aglomeração de pessoas, e evita realizar projeções sobre a evolução do vírus na região.

– Esta é uma doença que não tem previsibilidade, uma pessoa saudável pode demandar serviços públicos de saúde. Por isso, defendo o diálogo sempre. Gradualidade e consciência são o melhor nesse momento.
 

CDL apoia

Diferente da ACIVI, a CDL apoia o movimento dos comerciantes. Para Milton Pires, a posição da entidade que preside é de que os associados obedeçam as recomendações dos órgãos oficiais para evitar o vírus, mas com lojas abertas.

– Entendemos a gravidade, a necessidade de quarentena, mas não podemos fechar portas sem saber por quanto tempo ficarão fechadas – defende.

Pires teme a falência de empresas caso o fechamento se mantenha de forma prolongada.

– Vamos ter quebradeira depois que o vírus passar. Não somos contra a quarentena, apenas queremos flexibilizar para o operador financeiro.
 

Decretos causam insatisfação

O presidente da CDL critica os decretos publicados pelo município, que segundo ele “foram lançados sem nenhum estudo da realidade de Viamão.”

– Defendemos que o grupo de risco tem que ficar em casa. O que não pode é liberar um monte de gente dentro de uma igreja por duas horas, mas não permitir que o comerciante tenha 40 clientes durante todo o dia. É muito antagônico ver isso que aconteceu em Viamão.

 

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Pires diz que levará alternativas para a reunião de segunda-feira com Russinho. Uma delas pode ser o funcionamento dos estabelecimentos apenas com proprietários atendendo.

– Outra ideia pode ser aproveitar o trabalhador que desejar trabalhar, desde que sejam respeitados os protocolos de prevenção – finaliza.

 

“O trabalhador não pode correr risco”, diz presidente do Sindicomerciários

 

O presidente do Sindicomerciários Viamão afirma que a entidade entrará com ação judicial para impedir as manifestações. Segundo Paulo Ferreira, que também é secretário geral da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do RS (Fecosul), a reabertura do comércio neste momento expõe os trabalhadores a riscos desnecessários.

– Estamos buscando apoio do Ministério Público para evitar esse desrespeito aos decretos. Estamos em Estado de Calamidade Pública, o trabalhador não pode correr risco – Resumiu.

No início da noite, a entidade que representa os trabalhadores emitiu nota oficial. O documento diz que o grupo é encorajado por um “presidente irresponsável”, e que “a comunidade científica brasileira vem alertando que o pico da epidemia ainda não aconteceu, que somente o isolamento social é capaz de impedir a contaminação desenfreada dos brasileiros”.

 

 O que diz a prefeitura

 

A comunicação da prefeitura de Viamão não retornou o pedido de entrevista feito na tarde desta sexta-feira (27).

 

Governador pede "autoridade e responsabilidade" a prefeitos

O governador do Estado reforçou que o momento vivido pelo Estado é grave e pede "autoridade e responsabilidade" a prefeitos ao flexibilizarem a abertura de serviços. Durante coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (27), Eduardo Leite voltou a reforçar que a o funcionamento de setores econômicos só ocorrerá mediante evidências e dados científicos de que a população está segura do Covid-19. Os últimos números mostram que o Rio Grande do Sul tem 194 casos confirmados do novo coronavírus. São 107 em Porto Alegre – que também já soma duas mortes pela doença.

Recursos
 

Cedendo a pressões, o governo federal anunciou nesta sexta-feira uma linha de crédito exclusiva para pequenas e médias empresas, com objetivo de viabilizar folha de pagamento dos funcionários. Com validade de dois meses e limitada a dois salários mínimos, a proposta é disponibilizar R$ 20 bilhões por mês. Os recursos entrarão diretamente na conta dos funcionários.

 

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