Pessoas normais como eu e você leitor, trabalhador e trabalhadora, estudantes, pais e mães, necessitamos da arte. Nossos dias são preenchidos de questionamentos sobre nosso cotidiano que nos parece tão comum, todo dia ao acordar somos assaltados pelas mesmas perguntas, “qual o sentido de tudo isso?”, “será que estou fazendo algo de importante para a humanidade?”, “a vida é só isso?”.
Dúvidas inquietantes que nos geram ansiedade, somos tomados pelo desejo avassalador de ser “alguém”. É ai que a arte entra, trazendo-nos a respiração de volta, ela senta-se ao nosso lado, conversa conosco. Por meio de filmes, livros, figuras e desenhos… A música que nos leva ao nosso destino, até o nosso trabalho que se parece tanto com uma prisão tão difícil de escapar, um pesadelo de garras longas e afiadas que nos agarra logo cedo. A arte nos salva dos nossos piores demônios e traz cor aos dias mais cinzas, sem ela, estaríamos completamente perdidos, andando em linha reta e cega sob o terreno infértil e duro da realidade de todos os dias.
A vida é bela, mas eu te digo que ela pode ser mais que isso, ela pode ser mágica. Ás vezes basta que nos deixemos levar pela dança do churrasco de domingo, pelas gracinhas do filme de comédia com o seu amor, a apresentação de teatro da sua filha em plena sala de estar. Rodeados de arte todo tempo, ela nos olha e implora um pouco de atenção, ela chama os que estão cansados e absortos na rotina. Ela instiga os que estão inconformados com as injustiças do mundo, a arte implica a fantasia de criança que ainda brilha em todos nós, e tira-nos para dançar loucamente em uma segunda-feira de manhã, justamente quando não se espera nada da vida.
Pessoas normais como eu e você têm problemas e sofrem de tédio. Pessoas normais como eu e você padecem no amor e na dor, todos os dias. Pessoas normais como eu e você têm vícios e falhas que assombram as noites de insônia. Somos reféns das histórias de contos de fadas, que deixaram de contar-nos depois de crescer. Até hoje somos reféns das histórias que deixaram de ser contadas, do colo que deixou de ser dado, dos afetos ofuscados pela vida adulta.
A arte devolve toda a beleza que nos foi tirada, pouco a pouco, no processo árduo de não caber mais no mundo da fantasia. Te convido a deixar-se cativar pelas cores, pelos acordes e filmes cheios de efeitos especiais e falas clichês. E trago comigo a pergunta: o que te faz voar de volta ao mundo dos sonhos? Onde tudo é possível e não há despertador para te acordar.
O que te leva para os braços daquela criança? Espero que a resgate, todos os dias. Eu te convido, a arte te convida.
Com amor, Alice.