O poeta Edson Casagrande, de 65 anos, será o representante do município no 5º Canto Campeiro de Viamão, festival estadual que acontecerá nos dias 8 e 9 de abril, no Parque de Eventos Bento Gonçalves, junto a Escola Técnica de Agricultura (ETA).
A letra da música"João Barreiro", de sua autoria em parceria com Jurema Chaves, foi uma das 14 selecionadas, entre as 654 inscritas, para disputar a etapa final. As escolhas foram feitas pelos jurados João Bosco Ayala Rodrigues e Nirion Machado, de Porto Alegre, e Léo Ribeiro, direto da cidade de Melbourne, na Austrália. O intérprete Ricardo Carús virá de Uruguaiana dar voz à canção.
— É a primeira vez que sou selecionado em um concurso deste porte. Estou feliz e surpreso. Gostaria de ganhar muito mais pelo reconhecimento do que pelo dinheiro. Por aqui as pessoas precisam morrer para serem valorizadas — diz.
Paixão pelo cordel
Além de poesias, Edson também escreve literatura de cordel. Ao todo, já são seis obras produzidas. Uma delas, intitulada O enxadrista e o diabo, que por sinal é a favorita do autor, foi adaptada para ser transformada em um curta-metragem.
— O texto já está pronto para ser gravado. Talvez entre para os novos curtas gaúchos, da RBS. A história fala de um homem que joga uma partida de xadrez com o diabo, na própria casa. Se ele perdesse, nunca poderia voltar a jogar. O final é surpreendente. Considero a obra-prima da minha vida — conta Edson.
Na contramão da maioria dos escritores, Edson revela que começou a levar a profissão à sério apenas aos 50 anos. Há sete anos lançou o primeiro livro: Memórias de um poeta. Depois, surgiu a paixão pelo cordel.
—- Acho o cordel pouco valorizado em nosso estado e por isso decidi me dedicar a escreve neste formato. Quero tornar mais conhecido e aceito.
Conheça a letra da música finalista, selecionada para o 5º Canto Campeiro de Viamão:
Título: João Barreiro / Letra: Edson Casagrande e Jurema Chaves / Música: Wilson Paim
Construiste o teu rancho
Devagarito a preceito
Ergueste um para-peito
Com a perícia de um pedreiro
Meu amigo João Barreiro
És meu vizinho de frente
Trabalha sempre contente
À cantar no meu terreiro
Nasceste pra construir
És arquiteto e engenheiro
És mestre do barro campeiro
E diplomado com louvor
Pelas mãos do criador
Já nasceste com a nobreza
Da mais pura singeleza
Edificando teu ninho de amor
Te admiro João Barreiro
Que honra ser teu vizinho
Eu aqui do meu ranchinho
Te contemplo admirado
Velho pássaro sagrado
Símbolo desta querência
Com desvelo e paciência
Num oitão arrinconado
Não tem canto do Rio Grande
Que não se erga uma voz
És amado por todos nós
Conhecido João Barreiro
Eu te invejo companheiro
Por este entono garboso
Quando se para orgulhoso
Com a estampa de um campeiro
Pelas mãos do Criador
Já nascestes com a nobreza
Com a mais pura singeleza
Edificando teu ninho de amor