Quando da publicação desta coluna, dez horas estavam transcorridas em uma Viamão sem prefeito. A morte de Russinho nesta manhã (22) não apenas comoveu a cidade, mas deixou um vácuo administrativo sem precedentes na história do município.
Legalmente, nenhum serviço pode ser pago e nenhuma lei assinada. Nem mesmo o decreto de luto oficial pela perda de Valdir Jorge Elias tem validade.
É a paralisia completa.
Os três dias de hoje até sábado (25) Vão demorar a passar. Mas na segunda-feira (27), quando a Prefeitura reabrir, alguém terá de estar sentado na cadeira de prefeito.
Até agora, ninguém quer.
Dilamar de Jesus, presidente da Câmara, não deseja assumir o Executivo. Se fizer isso, não poderá concorrer a vereador. Para piorar, ele realizou exames nesta manhã em Porto Alegre e entre outras questões de saúde, está com suspeita de ter contraído o coronavírus e em isolamento. É o que fontes no Legislativo afirmam.
Dilamar não atende o telefone.
A ausência de clareza no entendimento jurídico gera especulações variadas. A coluna levantou semana passada a hipótese de que na falta do presidente da Câmara, o juiz da comarca assume a Prefeitura.
Não é o que ele entende.
Conforme a coluna apurou, o diretor do Foro, Juiz Claudio Edel Ligorio Fagundes, enviou ofício ao Tribunal de Justiça do RS e ao Legislativo declinando do cargo. Cita no documento, para tanto, a Lei Orgânica da Magistratura Nacional e possível compromentimento de processos judiciais envolvendo o Executivo ao contaminar provas.
Também, segundo fonte, Claudio Edel Ligorio Fagundes alegou preocupação em ter que executar atos administrativos que depois teriam que ser revistos pelo futuro prefeito. A cereja do bolo: lembrou que o afastamento de André Pacheco está no fim (termina em 10 de agosto, caso não haja renovação de prazo).
Ou seja, disse que é tudo com a Câmara.
Se Dilamar não quer, o fontes do Legislativo defendem que o vice Xandão Gomes seria o prefeito. Mas os problemas são os mesmos: Ninguém quer deixar de concorrer à reeleição.
Xandão está incomunicável. E assim como Dilamar, teria questões de Saúde em aberto.
Há no Legislativo a defesa da hipótese de que os nomes da mesa diretora serão convocados, um a um, até que alguém aceite ser prefeito. E dizem que a saída de Ridi e Maria Ester Hesseling em 2000, em que Atidor da Cruz declinou e os demais abriram caminho até Ronaldo Ribeiro, é "jurisprudência" para agora.
Enfim, são muitas hipóteses, mas em Viamão, tudo depende da costura dos interesses. Até que esta Caixa de Pandora seja aberta, o receio do que sairá dela é maior do que o medo de abri-la.
O jeito é aguardar as próximas horas e ver quem se aproxima da cadeira de prefeito.