Agora é oficial. Na tarde dessa sexta-feira (11), o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ) suspendeu a medida cautelar que mantinha André Nunes Pacheco afastado de suas funções na Prefeitura de Viamão. O retorno é imediato e pode, portanto, ocorrer a partir desse sábado (12).
A decisão é do desembargador Julio Cesar Finger, relator da matéria no TJ. Ressalva-se que Pacheco segue proibido de manter contato com os demais investigados e testemunhas na Operação Capital pelos próximos 90 dias.
Analiso:
A máxima diz que de cabeça de juiz e da barriga de grávida não se pode esperar certeza. Pois Julio Cesar Finger acaba de parir uma bigorna política e a colocou bem no gabinete do Prefeito de Viamão.
Há de se convir que a possibilidade existia legalmente, mas a volta de Pacheco é cercada de incoerências. Senão vejamos:
– Foram 300 dias de afastamento pedidos pelo Ministério Público, que formalizou denúncias – no plural – contra o prefeito. A promotoria solicitou inclusive a devolução de montantes vultuosos de recursos;
– Em apenas um dos processos, o prefeito (até hoje) afastado é denunciado por ter recorrido em crime de responsabilidade em 50 vezes;
– A "cereja do bolo" foi apresentada no dia 4 deste mês, quando o próprio desembargador Julio Cesar Finger informou à Câmara de Vereadores que havia determinado a prorrogação da suspensão do mandato de Pacheco até 15/12/2020. O Legislativo foi oficiado ontem. Sim, ontem (10/12).
– Chama atenção que o Ministério Público Eleitoral solicitou o compartilhamento de provas. Não penso outra coisa a não ser que vai respingar de alguma forma a candidato(s) e partido(s).
Não consigo entender, mas posso apostar que alguma coisa mudou para a mesma pessoa ter dois entendimentos divergentes em tão curto espaço de tempo.
Por fim, a única certeza no momento é de que o retorno de Pacheco "aos 43 do segundo tempo" bagunça o campeonato inteiro. No campo administrativo é inviável – a qualquer um que seja – se inteirar do que aconteceu durante um ano inteiro e após a passagem de três (Russinho, Evandro e Nadim) prefeitos pelo gabinete. E mais: Vai mudar secretários? Exonera, nomeia CCs? Assinará que tipos de decretos? Que vantagem Viamão terá com essa troca? Quem vai até o gabinete tirar fotos com ele?
Na boa, botaram o André na cadeira para ele ter tempo de apagar as luzes e fechar as portas.
Se é que ele terá tempo para tanto. E de mais a mais, cada novo dia é um dia – tudo pode mudar.
Na área política é onde estão os principais problemas dessa volta. André e Valdir Bonatto já foram aliados, hoje são inimigos declarados. No papel, ao menos, um terá que transmitir o cargo para o outro. Dá tempo de deixar alguma "armadilha" ao futuro dono da cadeira? Como fica a transição de governo?
Fontes próximas a Valdir Bonatto consultadas pela coluna afirmam que André estar ou não no comando do Executivo em nada interfere. A única coisa que não muda é o desejo dos tucanos de manterem distância do ex-melhor amigo.
Parece roteiro de cinema. Mas é a vida real – e que colocará Viamão novamente na mídia. Pena que de forma negativa.
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