Tem chumbo grosso chegando no bangue-bangue sem mocinho de Viamão

Viamão vive dias e noites de tensão desde a internação de Russinho. O que era, no início, apreensão pela saúde do prefeito em exercício, transformou-se em fisiologismo após sua morte, na última quarta-feira (22). A Câmara rachou e expôs feridas importantes da política local.

É o Stranger Things viamonense, com seus entendimentos próprios, uma dimensão a parte. É tal qual o “mundo invertido” da série norte-americana, com monstros, anti-heróis, paranormais, supersticiosos e coadjuvantes decadentes.

Não tem mocinho ou bandido quando o interesse é a apenas a manutenção do poder. Ao menos 15 pessoas morreram pela COVID-19 nos últimos cinco dias. Nesse tempo, advogados, alianças e estratégias costuradas em reuniões secretas bagunçam o entendimento coletivo, impedem a governabilidade e causam insegurança jurídica. É uma desavergonhada escalada para ver quem dá as cartas e que atrasa a cidade, manchando seu nome Brasil afora.

As manchetes mudam a todo momento. Dois já ocuparam a cadeira e não tem uma semana que Russo morreu.

Nenhum dos lados dá sinais de que vai parar até ter o caminho livre.

O DV tem feito cobertura contínua desse lado B da política local. É dever de ofício, pois a cidade vai estagnando aos poucos enquanto os feudos de poder avaliam o que é mais ou menos vantajoso em ano eleitoral. De quinta-feira (23) para cá, pelo menos quatro entendimentos jurídicos foram apresentados. A 1ª Vara de Justiça local vai filtrando, tentando devolver a sanidade ao povo.

Nas ruas, muitos precisam pensar antes de responder quem é o prefeito. O próprio site da Prefeitura traz em sua capa André, Nadim e Evandro. Quem duvida, faça o teste.

A decisão desta tarde (27) do juiz Cristiano Machado abre interpretações sobre a revisão da posse de Evandro Rodrigues como prefeito em exercício. O lado derrotado do momento no Executivo tem, ao menos por enquanto, o controle do Legislativo e já começou a agir. A licença do presidente Dilamar de Jesus e a renúncia de Xandão Gomes da mesa diretora para colocar Evandro no Gabinete deixam o caminho livre para Eraldo, que literalmente recebeu as chaves da Câmara das mãos de Geraldinho Filho.

O primeiro ato do (por enquanto) presidente em exercício foi desconvocar a sessão extraordinária de amanhã (28) feita por Evandro antes de ir para a Prefeitura. Eraldo pôs em curso, dessa vez cumprindo os ritos legais, o que tentou na semana passada: ele pretende destituir e eleger nova mesa diretora. Já até convocou extraordinária para a próxima quarta-feira (29).

Fazia contas para tanto desde o fim de semana.

Sem Dilamar e Evandro, assumem Lucianinho (PSB) e Canelinha (PSDB). Nas contas de Eraldo, mantida a configuração da semana passada, um voto pra cada lado na briga pela mesa. Ele calcula, também, que o voto de Paulinha Tavares (PSDB), que substitui Belamar Pinheiro (MDB), em licença saúde, o deixa perto de ter 14 vereadores – dois terços da Casa – para fazer o que quiser.

– Evandro deu coletiva nesta tarde e evitou falar sobre a decisão da 1ª Vara de Justiça. Mas não escondeu o desconforto;

– Eraldo não atende ao telefone;

– Geraldinho não atende ao telefone;

E segundo fontes da coluna, PSDB, PP, PT e PDT podem mudar a posição tomada na quinta-feira anterior. A política é todo dia um novo jogo. O clima da hora é o que vale.

Tanto é assim, que André Pacheco esteve com Eraldo e seus aliados de ocasião no fim de semana, mas não seria surpresa se aparecesse nas contas do outro lado nas próximas horas.

As hipóteses são várias, e longe do murismo, só sei que Evandro está prefeito e Erado presidente. E como Viamão tem um entendimento peculiar de leis e condutas éticas, prefiro esperar o sol nascer nesta terça-feira. Em uma cidade em que numa legislatura o secretário da mesa da Câmara vira prefeito e fica por isso mesmo, mas na outra o juiz é chamado a apagar o incêndio, não resta muito a fazer.

Não se pode duvidar nem que Dilamar apareça na Câmara amanhã ou na quarta-feira para reassumir suas funções. Por aqui já teve vereador (Mário Mendes) nos anos 1980 que foi buscado em casa, retirado de uma cama hospitalar e carregado por colegas em cadeira de rodas para não deixar de votar.

 

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